A economia verde e a construção de uma nova realidade.
Rebecca Garcia
Vivemos uma nova revolução industrial, em que as tecnologias apresentam-se como instrumento facilitador do desenvolvimento social, trazendo oportunidades de trabalho e inclusão social nas comunidades marginalizadas. O Estado do Amazonas, possuidor de um volumoso extrato florestal e de condições favoráveis ao surgimento de novas atividades econômicas (sobretudo pela ação do atual governo estadual), não pode ser agente passivo neste processo de construção de uma nova realidade.
Nos anos 70 (tempos crônicos na degradação da floresta amazônica) o mote desenvolvimentista era o de dominar a floresta a qualquer custo. No Brasil daquele tempo as questões sócio-ambientais não eram pautas de primeira página e o que importava era se “desenvolver”. A estratégia era baseada na abertura de estradas para acessar os recursos naturais: um programa de colonização dirigido às enormes massas de pessoas pobres, que ocupariam os espaços considerados “vazios”.
Mais adiante, criou-se a idéia de que a floresta deveria ser intocada, intangível e não produtiva. As populações locais foram taxadas de criminosas, pelo processo crescente e desordenado de extrativismo e desconstrução da paisagem arbórea. Quem não se lembra do slogan “a Amazônia é nossa”? E ela continua sendo, de cada um e, principalmente, das populações que lá habitam e dependem de seus subprodutos para continuarem a viver.
O Bolsa-floresta, projeto desenvolvido pelo governo do Amazonas com objetivo de comercializar créditos de carbono provenientes da preservação da floresta, é uma iniciativa que vem romper com esta dialética (preservação x crescimento). Ele contempla não só a questão da mudança climática (já que fortalece a permanência da floresta em pé) , mas também o surgimento de uma nova matriz produtiva - a economia verde. O uso responsável dos recursos existentes, o manejo de áreas florestais e a inserção do programa de novas energias (biodisel e biomassa).
Entretanto, para que consigamos este desenvolvimento sustentável é necessário conjugar esforços de toda a sociedade, sem a exclusão de qualquer de seus segmentos. O elemento humano é papel primordial na construção dessa nova realidade. E o que se constata através de uma análise, é que o maior estímulo a devastação é o estado de pobreza, miséria. Atacar a questão social, criando novas oportunidades, torna-se então dever ímpar de um estado que tenha compromisso com a sociedade. Este é o papel do executivo e também do legislativo. Criar condições para que as famílias possam viver dignamente.
Nesse contexto, entendo que há uma necessidade eminente do diálogo político com as diferentes esferas da sociedade civil na construção de uma parceria permanente. Conhecer as experiências vividas e as soluções encontradas por países ricos ou mesmo nações que estão em processo de desenvolvimento. Investir em pesquisas, apropriar-se de novos modelos, investigar, questionar, produzir conhecimento, tendo como parceiras instituições de ensino e organizações não-governamentais engajadas na discussão de propostas inovadoras. Buscar alternativas e ter a tecnologia como ferramenta vital para a transformação da realidade.
Não podemos pensar em preservação e desenvolvimento como temas excludentes e sim complementares. Esse é o novo paradigma, o novo desenho da sociedade que queremos para nosso Estado e para o Brasil. Investir na floresta é colocar um pé no presente e outro no futuro. Pensar na população amazonense, é certeza de um projeto bem-sucedido.