O mercado de carbono --mecanismo pelo qual países e empresas ganham dinheiro ao plantar árvores onde florestas foram destruídas-- pode acabar incentivando o desmatamento em vez de evitá-lo. A conclusão é de um estudo publicado hoje no periódico de livre acesso "PLoS Biology" (http://www.plosbiology.org/).
De acordo com os objetivos do Protocolo de Kyoto, que estabelece a redução mundial das emissões de gás carbônico, se beneficiam desse mercado principalmente os países que já desmataram muito e têm hoje pouca mata a preservar. Nações que por algum motivo não apresentaram alto nível de desmatamento ao longo dos últimos anos devem ficar de fora desse esquema.
De acordo com os objetivos do Protocolo de Kyoto, que estabelece a redução mundial das emissões de gás carbônico, se beneficiam desse mercado principalmente os países que já desmataram muito e têm hoje pouca mata a preservar. Nações que por algum motivo não apresentaram alto nível de desmatamento ao longo dos últimos anos devem ficar de fora desse esquema.
Polícia Rodoviária Federal Mercado de carbono pode acabar incentivando o desmatamento em vez de evitá-lo "Esses países têm cerca de 20% das florestas tropicais ainda intactas no mundo, mas não conseguem fazer dinheiro com a floresta em pé", disse à Folha Gustavo Fonseca, ex-presidente da divisão brasileira da ONG Conservation International, um dos autores do artigo.
Isso ocorre porque o mercado de carbono funciona com base na comparação entre o que já foi desmatado e que ainda se pode preservar. Países que não desmataram não têm um teto para comparar.
"Eles não têm nada para vender. É irônico, mas isso pode criar um incentivo perverso e acabar fazendo com que esses países desmatem para poderem se igualar aos demais", explica Fonseca. O pesquisador propõe um mecanismo para que eles recebam simplesmente por não desmatarem. O sistema consideraria o nível global de destruição florestal e não o de cada país.
Os países citados no estudo são Panamá, Colômbia, República Democrática do Congo, Peru, Belize, Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Gabão, Butão e Zâmbia.
Os países citados no estudo são Panamá, Colômbia, República Democrática do Congo, Peru, Belize, Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Gabão, Butão e Zâmbia.
GIOVANA GIRARDI
Colaboração para a Folha de S.Paulo