"VIENA - Os países industrializados que adotaram os objetivos do Protocolo de Kioto definiram, nesta sexta-feira, em Viena, uma postura que considera necessário reduzir entre 25% e 40% as emissões de gases causadores do efeito estufa até 2020, em relação ao nível de 1990. Especialistas disseram que o objetivo deve servir como guia para uma grande conferência global que irá acontecer em dezembro em Bali, Indonésia.
“Nós chegamos a um acordo amplo sobre importantes assuntos”, disse Leon Charles, um negociador de Grenada que ajudou nos diálogos de Viena. Representantes das delegações trabalharam durante todo o dia para superar a resistência de vários países – incluindo Canadá, Japão e Rússia – que preferiam uma abordagem mais ampla do que estabelecer metas de emissão. As metas de 2020 não são obrigatórias, mas foram vistas como um importante sinal de que as nações industrializadas estão levando a sério a responsabilidade de reduzir a quantidade de dióxido de carbono e outros gases perigosos em um esforço para evitar as conseqüências mais catastróficas do aquecimento global.
O acordo buscou tranqüilizar preocupações de que as metas de emissão possam ser muito ambiciosas para algumas nações, argumentando que os esforços para reduzir os gases poluentes são “determinados por circunstâncias nacionais e evoluem com o tempo”. Mas ele deixou claro que as emissões de gases poluentes precisam ser reduzidas para “níveis muito baixos” para controlar desastres potencialmente mortais como enchentes, secas e outras conseqüências. “Por isso a urgência em tratar as mudanças climáticas”, diz o acordo. A conferência de Bali irá tentar elaborar um novo acordo global para cortar as emissões de gases depois de 2012, quando acaba o Protocolo de Kyoto.
Esse acordo exige que 35 nações industriais cortem suas emissões em 5% em relação aos níveis de 1990 até 2012. Grupos ambientais enfatizaram que países desenvolvidos precisam tomar medidas urgentes para evitar que a temperatura da Terra suba mais de 2º C – um limite que os cientistas afirmam ser crítico para prevenir enchentes catastróficas e outros desastres ambientais mortais. “Eles precisam ser guiados pela potencial calamidade”, disse Angela Anderson, vice-presidente de programas climáticos da National Environmental Trust. Não reduzir as emissões em ao menos 30% abaixo dos níveis de 1990 até 2020 “irá condenar milhões à doenças, falta de água e miséria no mundo em desenvolvimento”, disse Red Constantino, um oficial do Greenpeace. Oficiais da União Européia pressionaram pelas metas de 2020.
A UE já prometeu cortar as emissões de dióxido de carbono e outros gases em 20% até aquele ano, e mais 10% se outras nações industrializadas fizerem o mesmo. Yvo de Boer, o principal oficial climático da ONU, disse que países em desenvolvimento – incluindo pequenas ilhas que são mais vulneráveis ao derretimento das geleiras e aumento dos níveis do mar – estavam pressionando nações industrializadas por cortes ainda maiores. Os negociadores, ele disse, estavam em clima de urgência e temiam que “não teriam um país para representar” caso as mudanças climáticas não diminuíssem o ritmo. "
Fonte : IG