25 de novembro de 2007

MEIO AMBIENTE - Água do Aqüífero Guarani é salobra, diz professor




Da Agência Câmara :

"O Aqüífero Guarani não é o maior reservatório de água doce do mundo. Foi o que informou hoje à tarde o geólogo Ernani Francisco da Rosa Filho, professor da Universidade Federal do Paraná, durante o debate sobre infra-estrutura e Direitos sócio-ambientais - o último do seminário "O Parlamento do Mercosul e os Direitos Humanos", realizado ontem e hoje na Câmara dos Deputados.

Segundo o professor, grande parte da água do aqüífero é salobra e, portanto, imprópria para o consumo humano. "Estão equivocados aqueles que pensam que o Aqüífero Guarani representa uma solução para todos os nossos problemas de abastecimento de água", disse o professor, acrescentando que a importância do reservatório vem sendo sistematicamente extrapolada pela mídia.

O Aqüífero Guarani é considerado um agente integrador dos países do Mercosul, pois une geograficamente Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Pesquisadores estrangeiros
Ao mesmo tempo, o professor criticou o Brasil e os demais países do Mercosul por terem entregue ao Banco Mundial (Bird) o controle sobre as pesquisas do aqüífero. Ele acusou os técnicos estrangeiros de excluírem totalmente a participação dos técnicos nacionais, e de não fornecerem informação alguma sobre o andamento das pesquisas.

O Aqüífero Guarani é avaliado por muitos como a maior reserva subterrânea de água doce do mundo, sendo também um dos maiores em todas as categorias. A maior parte da área ocupada pelo aqüífero (70% ou 840 mil quilômetros quadrados) - cerca de 1,2 milhão de quilômetros quadrados - está no subsolo do centro-sudoeste do Brasil.

O restante distribui-se entre o nordeste da Argentina (255 mil quilômetros quadrados), noroeste do Uruguai (58,5 mil quilômetros quadrados) e sudeste do Paraguai (58,5 mil quilômetros quadrados), nas bacias do rio Paraná e do Chaco-Paraná. No Brasil, o aqüífero integra o território de oito estados: Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso.

Falta de transparência
O representante da Rede Brasil, Emanuel Meirelles, questionou a falta de transparência e de participação popular nos grandes projetos de infra-estrutura da Amazônia, financiados pelo Bird e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) - entre eles, o projeto da hidrelétrica no rio Madeira.

A Rede Brasil é uma articulação de organizações não-governamentais e de movimentos sociais destinada a monitorar o papel dos empréstimos concedidos por instituições financeiras multilaterais, como o Bird e o BID. Meirelles também criticou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por impedir o acesso a documentos que deveriam ser públicos. "Falta o BNDES honrar o seu S [de social] final", declarou.

O seminário foi promovido pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias; e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, junto com a Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul e a Comissão de Direitos Humanos do Parlamento do Mercosul."