6 de agosto de 2008

Plantio de cana na Amazônia

Na terça-feira (5), os principais jornais do país noticiaram que o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, e o Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, concordaram em proibir a criação de novas áreas para a plantação da cana-de-açúcar na Amazônia. A medida ainda não é certa, porque depende da aprovação do Palácio do Planalto.

Segundo dados oficiais, o plantio cresceu mais de 1,5 milhões de toneladas no período de 2007/2008. A plantação de cana-de-açúcar na Amazônia é uma preocupação que sempre tive. Em abril deste ano, solicitei informações ao Ministro Stephanes para saber mais sobre os danos ambientais que o plantio de cana vem causando à Floresta.

Na ocasião, o Ministro informou que o Brasil possui um sistema agrícola e industrial de produção de etanol muito desenvolvidos e que o setor sucroalcooleiro tem realizado investimentos para ampliação da capacidade instalada de processamento da cana-de-açúcar e também para a construção de novas usinas processadoras. Ressaltou que “este Ministério entende que a preocupação com a preservação da Amazônia é legítima e que deve balizar a formulação de políticas públicas dos vários órgãos federais e estaduais que tratam o tema. No entanto (...) o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento não incentiva o plantio dessa espécie vegetal na região amazônica.

Na resposta ao Requerimento de Informação nº 2.627, o Ministro expõe diversos fatores que demonstram a falta de necessidade de o ministério expandir o plantio de cana na Amazônia. Informou que o Brasil possui um território total de 852 milhões de hectares, área suficiente para sustentar economicamente a produção agrícola, mantendo grandes áreas de floresta com diferentes biomas. A Embrapa estima haver cerca de 90 milhões de hectares disponíveis para a expansão da agricultura no Brasil. “Estas informações indicam que a expansão da cana-de-açúcar não precisa avançar sobre a floresta amazônica; a disponibilidade de terras cultiváveis é suficiente para que essa expansão ocorra sem prejudicar a Amazônia.

Fico satisfeita com a intenção dos ministros de proibir as novas plantações, porque, assim como demonstrado na resposta do Ministério da Agricultura, não há necessidade de aumentar a produção de cana na região e o meio ambiente precisa ser preservado acima de tudo.


Confira na íntegra a reportagem do site G1:

Minc e Stephanes querem proibir novas plantações de cana na Amazônia
Usinas já instaladas poderão continuar a funcionar, segundo ministros.

Decisão final é do Palácio do Planalto e deve acontecer no fim do mês.

Após reunião de mais de duas horas nesta segunda-feira (4), em Brasília, os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Meio Ambiente, Carlos Minc, concordaram em apoiar a proibição da criação de novas áreas para cultivo da cana-de-açucar na Amazônia. A decisão final, porém, será dada pelo Palácio do Planalto.

Os ministros definiram, entretanto, que as três usinas já instaladas na região poderão continuar a funcionar. Stephanes não descarta que uma quarta usina, que já tem instalação autorizada, ainda vá funcionar na Amazônia.

As usinas já instaladas na Amazônia estão localizadas nos estados do Acre, Amazonas e Pará. A quarta deve se estabelecer em Roraima. “Preservamos, com esse acordo, o bioma Amazônia e o Pantanal sem que interrompêssemos as produções já existentes”, destacou Carlos Minc.

Pantanal - O zoneamento das plantações da cana-de-açúcar também atinge a planície do Pantanal. Segundo o acordo entre os ministros, o cultivo no planalto pantaneiro só será permitido em áreas já ocupadas para plantios há mais de dez anos e também em áreas degradadas. Ainda assim, o governo só autorizará as chamadas plantações diretas, sem o uso de máquinas.

Assim, segundo os ministros, haverá diminuição do assoreamento dos rios e restrição do uso de defensivos agrícolas. “Esse é um acordo que não quebra a produção e reduz o assoreamento dos rios”, afirmou Minc.