14 de setembro de 2010

Atraso na reforma de aeroportos para Copa preocupa deputados

A Infraero deverá entregar, a pedido do TCU, um plano de ação para solucionar as irregularidades que impedem as obras de aeroportos localizados nas cidades-sede da Copa de 2014 e em capitais, como Goiânia e Vitória, que funcionarão como apoio ao destino final das aeronaves

A pouco menos de quatro anos do início da Copa do Mundo no Brasil, os atrasos nas obras de infraestrutura, principalmente na ampliação de aeroportos, preocupam os parlamentares. Presidente da subcomissão permanente que fiscaliza os recursos públicos federais destinados à Copa de 2014, o deputado Silvio Torres (PSDB-SP) lembra que as previsões são de um aumento de 2,7 milhões no número de viajantes durante o Mundial. “Se acontecer essa previsão, vamos ter problemas com certeza”, sustenta.

Segundo a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), a demanda nos 16 aeroportos próximos às cidades-sede da Copa chegará a 26 milhões de passageiros.

Apesar desses cálculos, as obras em aeroportos sequer começaram ou estão paralisadas, caso de Guarulhos, em São Paulo, Vitória, no Espírito Santo, e Goiânia, em Goiás. Nesses locais, os trabalhos estão parados desde 2008. Os contratos para a realização de melhorias nesses aeroportos foram suspensos ou rescindidos, porque o Tribunal de Contas da União (TCU) suspeita de superfaturamento da ordem de R$ 70 milhões em cada um deles.

No último dia 27, o tribunal determinou à Infraero que encaminhasse, em 15 dias, um plano com providências para solucionar as irregularidades que ocasionaram a paralisação das obras.

Tempo curto - Silvio Torres acredita que, se a Infraero e o governo continuarem nesse ritmo na execução das obras, os trabalhos não serão concluídos. “Dificilmente conseguiremos recuperar esse tempo precioso que foi perdido”, afirma.

Na opinião do parlamentar, o que provavelmente vai acontecer é a celebração de contratos para compra de equipamentos provisórios para os terminais aeroportuários. Conforme Torres, “essa é uma possibilidade já bastante utilizada no País”.

O deputado também acredita que logo após as eleições devem ocorrer reuniões com os eleitos, a fim de elaborar “um cronograma real” para a melhoria da infraestrutura necessária à realização do Mundial. “Se preciso, teremos de diminuir o número de sedes, redimensionar as obras para fazer uma Copa à altura das possibilidades financeiras e orçamentárias do País.”

No prazo - Já para a relatora da subcomissão permanente, deputada Rebecca Garcia (PP-AM), ainda é possível concluir as obras no prazo. “Ainda há tempo, mas é preciso que as obras sejam iniciadas já, até dezembro deste ano”, alerta.

A deputada antecipa que em outubro, “quando a Câmara voltar efetivamente à atividade”, a subcomissão vai realizar novas viagens de acompanhamento às cidades-sede. Segundo ela, o objetivo principal é garantir a aplicação adequada dos recursos públicos.

As seguintes cidades receberão jogos do Mundial de 2014: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Recife e Salvador.

Na opinião de Rebecca Garcia, o mais importante é o legado que vai ficar para o País. “Esses eventos são muito rápidos e têm de servir como pretexto para a realização de investimentos. Estamos passando por um momento de crescimento econômico e precisamos investir em infraestrutura”, defende.

Fonte: Maria Neves/ Jornal da Câmara