3 de agosto de 2007

Artigo


Janelas de oportunidades
Rebecca Garcia

Todo empresário sabe que muitos bons negócios aparecem onde menos se espera. É por isso que o tal “tino comercial” tem na composição boa dose de atenção. Fui a Londres, entre os membros convidados da Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Congresso Nacional, e me surpreendi com as possibilidades abertas para penetrar nos altos negócios internacionais relativos à conservação ambiental. Talvez tenham aí se aberto janelas de oportunidades para complementar o belíssimo trabalho do Governo do Amazonas nesse campo.

Estive na Cantor CO2e Ltd., sendo este “e” minúsculo o símbolo de (carbono) “estimado”. A sigla identifica uma das maiores empresas do negócio de carbono. É um grande fundo de negócios, com bela sede na City Londrina – um dos maiores centros de negócios do planeta. Divaldo Rezende, representante brasileiro da organização, líder da nacional Ecológica Assessoria, mostrou-se muito interessado em dialogar sobre as chances empresariais-estatais do carbono amazonense.

Os ingleses têm um sistema legal bastante evoluído, no que se refere à questão ambiental. Uma das determinações legais é que toda empresa emissora de carbono é obrigada a comprar resgate equivalente à emissão. A Carbon CO2e atende a 70% dessa demanda, o que dá melhor idéia da importância dessa empresa.

O mercado internacional de carbono, para muitos ainda uma quimera, existe, está em franca atividade e a Carbon CO2e é uma porta de entrada disponível e que estou propondo ao governador Eduardo Braga analisar, sob o ponto de vista dos interesses da população amazonense.

Vejo outra boa chance no encontro com o Lord Mayor London, o prefeito londrino nomeado pelos lords, Sir John Gore. É preciso explicar que a capital inglesa tem dois prefeitos, Ken Livingstone, eleito em 2004 para mandato de quatro anos, que cuida da parte administrativa da cidade – obras, saneamento etc. A Gore cabe a parte financeira e, digamos, diplomática. É nesse papel que ele vem ao Brasil, dia 31 de agosto, à frente de grupo de empresários ingleses interessados em espaço para investir no Brasil.

O Lord Mayor é um homem muito ocupado e a visita tem uma agenda apertada, fechada previamente, que inclui apenas Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Indaguei, na chance que tive de conversar com ele, por que não incluir o Amazonas, capital da Amazônia, nesse roteiro? Ele mostrou muita simpatia pela proposta, colocou-me a par das dificuldades práticas dessa inclusão e ofereceu-me o caminho para trazê-lo. Com a ajuda do Governo do Estado contornaremos os entraves e ele nos visitará.

Foram três dias muito proveitosos em Londres. É sempre bom ter a oportunidade de aprender com uma sociedade desenvolvida, experiente e que, passado o período imperial, consegue se manter, pujante, no topo do mundo.

Em Londres é possível viver momentos como um encontro, casual, na visita à Câmara dos Comuns, em Westminster, com o neto de Winston Churchill, o primeiro-ministro inglês durante a II Guerra Mundial, que, em determinado momento, foi o último obstáculo do mundo livre ao avanço de Adolph Hitler. É de Churchill a famosa frase, no período histórico de incerteza e sofrimento em que assumiu o poder, ao povo britânico: “Não tenho nada a lhes oferecer, a não ser sangue, suor e lágrimas”.

Que o Brasil e o Amazonas se espelhem nas lições desse povo trabalhador e guerreiro, que, com todos os defeitos que se lhes possam atribuir, é vitorioso.