O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge Filho, esteve entre nós, esta semana, para conhecer o Pólo Industrial de Manaus (PIM). Viu muito, ciceroneado pela competência dos técnicos da Suframa, à frente a própria superintendente Flávia Grosso. Aproveito para "mostrar o PIM", sob outro ângulo.
Manaus, em 1967, ano anterior à criação da Suframa, era uma cidade combalida pelo fim do Ciclo da Borracha, cuja última fase transcorreu entre 1943 e 1945, durante a II Guerra Mundial. Houve, portanto, um período de 22 anos sem que o Amazonas tivesse base econômica expressiva, quando as grandes fortunas construídas com base no látex foram consumidas. Foi nesse contexto que o presidente Humberto de Alencar Castello Branco assinou o decreto de criação e o presidente Arthur da Costa e Silva instalou a Zona Franca.
O objetivo estava inserido na ideologia de "integrar para não entregar", um dos mais conhecidos bordões do período militar, quando o Governo Federal percebeu o avanço da cobiça sobre a Amazônia e a necessidade de ocupá-la. Não houve conteúdo ambiental no gesto da criação. Castello Branco, diz-se, sonhava mesmo em ver inúmeras estradas cruzando o território amazônico, ligando-o ao resto do Brasil. O que ocorreu, porém, numa sucessão de coincidências felizes, é que as indústrias instaladas na cidade são "limpas", sem chaminés, e começaram a absorver a mão-de-obra economicamente ativa do Estado e vizinhanças. A zona rural da capital e as sedes municipais do interior foram esvaziadas de tal forma que mesmo práticas extrativistas seculares não impactaram de expressivamente a floresta. Hoje, segundo publicação recente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), constata-se que somente 2% do total da Floresta Amazônica localizada no Estado do Amazonas foi devastada pela ação antrópica, a interferência do homem.
Neste momento, quando a convergência tecnológica, a velocidade do avanço da tecnologia e a globalização ameaçam os sistema produtivos estabelecidos, como é o caso do PIM, é importante lembrar que a preservação ambiental, até então considerada uma conquista residual do modelo, ocupa papel fundamental na imagem brasileira junto à comunidade internacional. A invasão dos produtos chineses, as incertezas sobre a produção do set top box e da TV digital, a concorrência predatória de São Paulo e a perspectiva da competição das Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) concorrem para diminuir a força de atração do PIM.
O ministro viu de perto a excelência do nosso parque industrial, responsável por 100% da produção nacional de TVs, a maior parte dos produtos de áudio e quase todo o parque brasileiro de duas rodas. A atividade econômica em torno do distrito industrial de Manaus atinge, entre empregos diretos, indiretos e resultantes do dinheiro arrecadado em impostos ou pela massa salarial, mais de 600 mil dos perto de 1,7 milhão de manauaras e 3 milhões de amazonenses.
Manter as vantagens comparativas do PIM é importante, mas a realidade tem mostrado que é preciso também recuperar o que foi perdido. Lutaremos, na bancada federal, para elevar, para os outros Estados, a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), conforme reivindicam as entidades empresariais do Amazonas. Contamos com o ministro e o corpo técnico do MDIC nessa e em outras lutas em defesa do PIM. Luta amazonense, sim, mas, sobretudo, luta brasileira, luta global, em defesa da Floresta Amazônica.
4 de agosto de 2007
sábado, agosto 04, 2007