23 de outubro de 2007

Discurso - Dia do Médico





Sr. Presidente,
Senhoras Deputadas, Senhores Deputados,


Todos os anos vemos empresas, entidades e pessoas gratas, publicarem nos principais jornais do país, mensagens de agradecimento e exaltação ao médico, pela passagem do dia que lhe foi destinado como comemorativo. Na maioria das vezes, o médico e as instituições de saúde, ocupam os mesmos espaços de forma critica ou até mesmo agressiva, no uso das palavras e qualificativos por que são tratados: máfia de branco, fraudadores, incompetentes, desumanos.

Num país em que mais de 150 milhões de brasileiros dependem do Sistema Único de Saúde – SUS, para obter a assistência médica indispensável e garantida pela constituição, poucos se dão conta da importância do médico, em todos os dias e horas do ano. O subfinanciamento da saúde no Brasil por parte da União, proporciona aos médicos e aos profissionais da saúde em geral, péssimas condições de trabalho, carga horária desumana e remuneração na contraprestação dos aviltantes serviços prestados.

Poucas são as pessoas cientes dos valores que um cirurgião recebe para realizar um procedimento de média complexidade, como por exemplo: uma colecistectomia (retirada da vesícula). Menos de 80 reais, incluindo o pré e o pós-operatório que pode levar pelo menos de 2 a 3 dias de assistência. Qualquer técnico de televisão ou computação recebe por uma visita no mínimo 50 reais, por algumas horas de trabalho e sem nenhum risco com um insucesso que determine a morbidade ou mortalidade do seu cliente. E poderíamos afirmar que todos os demais procedimentos da consulta a mais alta complexidade, são remunerados pelo SUS de forma degradante. Este relato não pretende denegrir as outras atividades profissionais. Entretanto, é importante que a sociedade conheça os problemas que afligem a classe profissional.

Sr. Presidente, sem nenhuma duvida, não fosse a classe medica brasileira se conformar com tão espoliação do trabalho profissional, não haveria SUS e muito menos atendimento a população brasileira. São milhões de atendimentos realizados anualmente pelos médicos, em que o espírito humanístico e a compreensão das dificuldades de recursos pelo baixo investimento na saúde no país, superam as dificuldades pessoais e familiares que obrigam a enfrentar, com o desgaste inevitável de sua saúde.

Por isso, senhor presidente e senhores deputados, há de se fazer justiça ao medico brasileiro, que enfrentando todos os percalços de tal situação, se mantém firme todos os dias, nos hospitais e prontos socorros de todo esse Brasil no exercício de sua profissão. E, quando, por força de fatos alheios ao seu controle, vê-se envolvido no insucesso, recebe como “estimulo” a condenação generalizada da sociedade e mídia em geral.

Que a data de 18 de Outubro seja lembrada não para exaltar o médico, mas para uma reflexão de todos nós na busca de melhores condições de trabalho, remuneração digna pelos serviços prestados e, principalmente, pelo reconhecimento de que todo o esforço diuturno em salvar vidas, valeu a pena.

Uso da minha palavra para homenagear meu pai, Francisco Garcia, médico, que já honrou muito esta casa com sua presença e suas ações.

Muito obrigada!