12 de maio de 2008

Óleos vegetais do Amazonas serão matéria-prima para empresas da Zona Franca

Com expectativa de lucro mensal de R$ 750, aproximadamente 40 famílias de produtores rurais de Manaquiri (AM), iniciaram nessa sexta-feira (9) as atividades da Agroindústria de Óleos do município.

A usina foi inaugurada apenas dois dias depois que o Conselho de Desenvolvimento do Amazonas (Codam) aprovou o início dos trabalhos da primeira indústria de biocosméticos no Pólo Industrial de Manaus (PIM).

Com a inauguração, os óleos de frutos e sementes de andiroba, castanha, tucumã, açaí, buriti e babaçu serão usados como matéria-prima por outras indústrias que atuam no setor de cosméticos, sobretudo na Zona Franca de Manaus (ZFM).

Em todo o Amazonas, existem mais de 120 espécies de plantas e frutas oleaginosas catalogadas. O valor do quilo dos produtos deve variar entre R$ 20 e R$ 25.

Para participar da divisão dos lucros, a família deve ser obrigatoriamente integrante da Cooperativa de Fitocosméticos de Manaquiri (Coopfitos) e atuar em uma das atividades previstas no processo de fabricação dos óleos, incluindo o trabalho de reflorestamento da área (atividade inclusa no projeto e que prevê o plantio de novas mudas das plantas utilizadas na usina), até a colheita dos frutos e sementes.

O início das atividades da agroindústria de Manaquiri ocorre no momento em que a ZFM se prepara para uma expansão do setor de higiene pessoal e perfumaria, já que, em dezembro passado, foi aprovado o Projeto Produtivo Básico (PPB) dos Cosméticos, que viabilizará a entrada de empresas do ramo no PIM, com os incentivos fiscais existentes na região.

Além de servir como matéria-prima para fabricação de cosméticos, os óleos de Manaquiri que não estiverem dentro da classificação "primeira qualidade" serão aproveitados pela Fundação de Vigilância Sanitária (FVS) para a fabricação de repelentes a serem usados no Amazonas para o combate à malária. A usina deve produzir 50 litros por hora e a distribuição será feita por via rodoviária, com apoio dos governos municipal e federal.

A novidade vinha sendo esperada há pelo menos três anos pelos moradores do local, segundo Antônio Santa Rita, líder de uma das comunidades integrantes da Coopfitos. Ele diz que é grande a expectativa da comunidade sobre o andamento do novo negócio da cidade e também sobre a melhoria dos rendimentos da população.

Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abithec) mostram que, só em 2007, o setor de cosméticos movimentou mais de R$ 19 milhões no Brasil e hoje o país ocupa o terceiro lugar no ranking global de higiene pessoal e de beleza.
"Tudo começou em 2002 quando pesquisadores do Inpa [Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia] vieram para cá para fazer seus trabalhos e pesquisas sobre os frutos, sementes e potencialidades dos recursos naturais na nossa área. Como nós já fazíamos a extração do óleo de forma artesanal, mas como fonte de renda e trabalho, surgiu a idéia de fazer a indústria. Agora estamos otimistas. Em média de rendimento mensal das famílias deve saltar de R$100 para R$ 750", conta.

De acordo com Santa Rita, a divulgação da pesquisa e do trabalho dos ribeirinhos culminou na chegada dos cursos técnicos preparatórios do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae) às duas comunidades inicialmente integrantes da cooperativa e por fim toda preparação técnica até a inauguração da usina.

O professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e especialista em Planejamento de Sistemas Energéticos, José de Castro, avalia que para que o projeto da usina ocorra de forma satisfatória para seus trabalhadores e para o meio ambiente, é necessário haver a sustentabilidade sócio-ambiental de todo processo existente.

Ele informa que a Ufam é uma das apoiadoras da agroindústria e revela que apesar do inventário das áreas de floresta da região feito pelos moradores de Manaquiri, a idéia é auxiliar os comunitários no desenvolvimento da atividade.

"A universidade está ajudando os comunitários com apoio técnico e também fazendo a ligação dessas comunidades com as possibilidades de investimentos que elas podem ter, como os editais de instituições diversas divulgados pela internet. Nosso papel é ajudá-los na sustentabilidade econômica e sócio-florestal", afirma Castro.

Segundo a gerente de Agronegócios do Sebrae Amazonas, Vanderléia Oliveira, a partir do início das atividades, a agroindústria de Manaquiri se prepara para um novo passo: a certificação de seus produtos.

"A certificação dos produtos vai agregar valor ao que já é feito e trazer mais segurança ao comprador que a matéria-prima tem a qualidade esperada", antecipa Vanderléia.
Ela reforça que em meio aos treinamentos realizados com os ribeirinhos, também foi incluída a capacitação a respeito da qualificação da produção. "Eles já receberam toda capacitação necessária para as boas práticas de fabricação e estão prontos para receber a certificação".
Durante a inauguração da Agroindústria de Óleos de Manaquiri, o governador do Amazonas, Eduardo Braga, disse que ainda este ano o município irá receber mais R$ 2 milhões para a implantação de sua segunda indústria, dessa vez na área de Fecularia.

"A verba para a indústria de Fécula de Batata já está disponível para o município e será repassada via Secretaria de Produção Rural e a expectativa é que mais cinco mil famílias sejam beneficiadas", anunciou Braga. Manaquiri é atualmente o maior produtor de batata doce do estado.

Fonte: Agência Brasil