12 de maio de 2008

Mulheres ainda brigam por espaço na política

Parlamentares do Estado consideram que falta incentivo para ampliação da participação feminina.

Com objetivo de incentivar candidaturas femininas, nas próximas eleições, será realizado dia 21 o Fórum de Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos, em Brasília. Segundo o estudo da Organização Internacional União Parlamentar, o Brasil ocupa a 146ª posição no ranking de participação de mulheres nos parlamentos. No Amazonas, ao todo, nove mulheres ocupam cargos políticos. Na Câmara Municipal de Manaus (CMM) estão Glória Carrate (PMN), Cláudia Janjão (PMDB), Lúcia Antony (PCdoB) e Mirtes Sales. Na Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) pontificam Conceição Sampaio (PP), Terezinha Ruiz (DEM) e Vera Lúcia Castelo Branco (PTB). Na Câmara dos Deputados, há as deputadas federais Vanessa Grazziotin (PCdoB) e Rebecca Garcia (PP).

Rebecca confirmou que vai participar do Fórum, em Brasília, pois sabe da importância do incentivo ao aumento do número de mulheres na política. “Esses fóruns são necessários, para que a participação das mulheres aumente. Essa discussão precisa ser ampliada para as universidades também, onde alguns estudos mostram que muitas mulheres se interessam pela política. O problema é ultrapassar a barreira para se candidatar”, explicou.

A deputada estadual Terezinha Ruiz também concorda que a participação feminina ainda é pequena. “Há ainda a necessidade de mobilizar a participação de outras mulheres nos partidos. No mês de abril, eu participei de um evento do meu partido que incentivava a participação feminina. Muitas vezes não conseguimos nem preencher a cota de 30% para cada partido. Como custou muito para a mulher ter espaço, ainda é normal que ela fique com medo de participar diretamente da política, como candidata”, afirmou.

A vereadora Lúcia Antony também ressalta a importância da participação das mulheres na política, principalmente no nosso Estado, onde o número ainda é pequeno. “A nossa sociedade ainda é machista. Esse machismo está na cabeça de mulheres e homens. O homem sempre como o produtor e a mulher que cuida da casa e dos filhos. As mulheres são 47% da força de trabalho, mas a sociedade ainda a vê como um ser incapaz e é por isso que não consegue votar nelas. Esse Fórum vai ser muito importante, mas eu não poderei participar. Nele serão debatidas muitas questões que vão ajudar a mobilizar as mulheres que também já participam de partidos políticos, mas como cabos eleitorais. A maioria que chega a se eleger é por que é filha ou mulher de algum político”, enfatiza.

Legislação mantém cota - Desde 1996 os partidos políticos têm uma cota mínima de 30% para participação de mulheres. Mas nem mesmo essa determinação da Lei Eleitoral 9504/97 pode mudar a realidade que indica a predominância masculina nas eleições. “Nós percebemos que a participação das mulheres ainda é tímida. Isso acontece em todos os Estados, pois a porcentagem é repetitiva. Mas esse histórico está diminuindo, pois há pouco tempo a mulher não podia nem votar”, informou Rebecca.

A partir de 1946, todas as mulheres brasileiras receberam o direito de votar. De acordo com o registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos vinte e oito partidos o PRB é o que possui o maior número de mulheres filiadas. São 1.989 mulheres e 1.767 homens. Ao contrário do PSOL, da ex-candidata à presidência da República, Heloísa Helena, onde apresenta o menor índice de participação feminina.

No Fórum serão discutidas como essas formas de incentivo vão ser viabilizadas. Umas das propostas é a produção de campanha publicitária em TV e rádio mostrando a importância da participação feminina nas eleições municipais de outubro de 2008.

Segundo o site do governo federal, a pesquisa do Estado/Ipsos, de janeiro deste ano, mostra que 67% dos brasileiros acham que uma presença mais forte do público feminino melhoraria o nível da política no país. No Brasil, a participação das mulheres na política está expressa em muitos cargos, mas não na presidência. Na América do Sul há exemplos em outros países como Argentina com Cristina Kirchner e Michelle Bachelet no Chile.

Fonte: Ana Célia Costa / Amazônia em Tempo