11 de setembro de 2008

Lula promete rever decreto com restrições a indústrias

Anúncio foi feito durante abertura da 4ª Feira Internacional da Amazônia, última etapa da visita do presidente ao Amazonas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem, na abertura da 4ª Feira Internacional da Amazônia (Fiam), no Studio 5, no Distrito Industrial, Zona Sul, que vai buscar amanhã em Brasília uma solução para os problemas acarretados por um decreto assinado por ele impondo restrições a indústrias de injeção plástica no Pólo Industrial de Manaus (PIM).

Lula, que chegou a Manaus na terça-feira à noite e cumpriu, ontem, extensa agenda em Coari, a 368 quilômetros de Manaus, e na capital do Estado, ficou surpreso ao saber que essas restrições a indústrias do PIM constam de um decreto assinado por ele, e disse que não sabia das implicações sobre a Zona Franca de Manaus. Ele disse que convidou o governador Eduardo Braga para acompanhá-lo a Brasília, onde vai convocar o ministro Guido Mantega para uma reunião visando superar as conseqüências advindas do decreto.

“Vou tomar as providências para resolver esse problema e ver se será possível mudar o que foi editado”, disse o presidente para uma platéia de cerca de 800 pessoas formada basicamente por empresários da região Norte do país e de outros países convidados para a 4ª Fiam.

Uma outra grande notícia para o Amazonas anunciada pelo presidente Lula foi a realização da próxima Feira da Amazônia em São Paulo. Ele considerou que um evento sobre a diversidade industrial da região fora de Manaus poderá gerar muito mais negócios. “Eu penso que será um grande negócio quando o artesanato do Norte ou do Nordeste deixar de ser apreciado apenas pelas pessoas das suas respectivas regiões”. O anúncio foi feito no fim do seu discurso e arrancou uma onda ruidosa de aplausos.

O presidente elogiou a parceria que denominou de republicana entre o governo do Amazonas e seu governo. Foi essa parceria que resultou na implantação do gasoduto de Ucuru-Coari-Manaus e de um elenco de obras de infra-estrutura para Manaus e o Amazonas.

“Quando eu passo de avião sobre o rio Negro e vejo a ponte surgindo para ligar uma margem a outra, eu sei que se trata de algo que projeta o crescimento não apenas para Manaus mas também para toda a área metropolitana”, disse, garantindo que o Amazonas, como de resto o Brasil, esta sendo preparado para um grande salto de desenvolvimento. Nesse sentido ele culpou antigos governantes que não tiveram a seriedade de garantir a execução de projetos como o do gasoduto. E lembrou que a ferrovia Norte-Sul, no Maranhão, passou mais de 15 anos com os seus quilômetros iniciais construídos ainda no governo Sarney. Lula disse que vai construir mais de mil quilômetros para concluir mais uma via importante para exportar produtos brasileiros a partir dos portos do Maranhão.

Inaugurações em Coari - No município de Coari, onde inaugurou o campus do Médio Solimões da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Unidade de Ensino Descentralizado de Coari, o presidente Lula criticou seus antecessores por não terem criado universidades e escolas técnicas no país. Segundo ele, o descaso com a educação ocorreu porque os governantes anteriores tinham diploma e não ligavam para quem não tinha estudado.

“O problema não era dinheiro e não era que eles não sabiam. O problema é que quem governou este país já tinha feito a sua universidade e, portanto, não estava ligando para aqueles que ainda não tinham feito”, afirmou. O presidente voltou a lamentar o fato de não ter cursado uma universidade e, por isso, investiu em educação para que as pessoas não passem pelo que ele passou.

“Eu, por não ter feito e por saber as condições pelas quais não fiz universidade, não quero que as pessoas do interior deste país passem pelo que eu passei. Não quero que as pessoas, quando estiverem adultas, sintam falta de uma educação que deveriam ter tido na sua adolescência, e sintam até ódio por não terem tido oportunidade, quando todos os jovens precisam ter oportunidades”, afirmou.

Lula ressaltou que os recursos que vão para educação não devem ser considerados gastos, mas sim investimento. Segundo ele, em 2003, quando começou o seu primeiro mandato, investiu R$ 20 bilhões no setor e, neste ano, estão previstos R$ 48 milhões.

Presidente garante que não faltará energia elétrica - Muito vermelho pelo calor a que foi submetido em Coari, onde iniciou sua agenda no Amazonas, ontem de manhã, e usando um lenço para conter o suor, o presidente disse que está cuidando de transformar as riquezas do Brasil em favor do seu povo e disse que será assim com as imensas reservas descobertas no pré-sal marítimo.

Nesse ponto, ele avisou aos empresários presentes ao Studio 5, palco da Feira da Amazônia, que eles podem investir no Amazonas porque não faltará energia elétrica. E deu mais uma grande notícia ao Amazonas. Além da grande energia movida pelo gás natural, o Amazonas terá a partir do próximo ano a energia gerada pela hidrelétrica de Tucuruí e transportada por um linhão que será construído pelo ministério das Minas e Energia.

O presidente deu a notícia com a governadora do Pará, Ana Lucia Carepa, apontada como a responsável por brecar a vinda da energia de Tucuruí para Manaus. A governadora ouviu o anúncio e acedeu com a cabeça enquanto o público aplaudia a boa notícia trazida pelo presidente.

Como se estivesse elogiando o governador Eduardo Braga, que é engenheiro civil de formação, o presidente disse que o Brasil deixou de ser governado pelos economistas para ser gerido agora pelos engenheiros.

Fonte: Amazonas em Tempo