Localização se dá através da modelagem ambiental. A técnica ajuda no monitoramento de espécies ameaçadas
Com a ajuda de imagens de satélites, um estudo do Museu Emílio Goeldi identificou áreas geográficas onde há maior ocorrência de espécies ameaçadas no Pará. O levantamento, baseado na modelagem ambiental, localizou a distribuição potencial para 32 espécies amazônicas ameaçadas de extinção. A novidade é assunto dos Seminários Interdisciplinares do Goeldi desta quarta-feira, 24.
As espécies identificadas constam do Extinção Zero. O programa foi lançado este ano pelo governo do Pará para monitorar plantas e animais ameaçados de desaparecer. O trabalho de modelagem ambiental é uma das ações do Projeto de Espécies Ameaçadas do Pará, realizado em parceria com a Conservação Internacional (CI).
Segundo Jorge Luís Araújo Martins, a técnica de modelagem ambiental é uma das ferramentas mais modernas e poderosas para o estudo de áreas potenciais de ocorrência de espécies animais e vegetais. “O uso de algoritmos e das informações ambientais e climáticas projetar onde se encontram as condições mais favoráveis para a ocorrência de espécies”, explica Araújo Martins, bolsista da Coordenação de Ciências da Terra e Ecologia do Museu Goeldi.
Com esse trabalho, os especialistas em biodiversidade buscam entender quais as variáveis que estão mais intimamente correlacionadas à ocorrência das espécies da Amazônia. Segundo Araújo Martins, o uso das ferramentas da modelagem ajuda a nortear os planos de ação para proteção das espécies.
A integração de dados gerados por modelagem é feita com outras bases, entre as quais o Prodes — programa criado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que usa imagens de satélite para fazer o levantamento da interferência humana sobre a floresta amazônica. Por meio do Prodes, os pesquisadores podem calcular a cobertura florestal e o potencial de ocorrência das espécies, inclusive nas unidades de conservação e terras indígenas.
Ainda segundo com Araújo Martins, as informações geradas pelos estudos sobre as mudanças climáticas globais ajudarão a entender como essas áreas de nichos evoluirão no futuro e quais serão os desafios enfrentados pelas espécies e os ecossistemas amazônicos.
Câmara técnica - Amanhã, o governo do Pará instala a Câmara Técnica Permanente das Espécies Ameaçadas de Extinção do Pará. Dois pesquisadores do Museu Goeldi — Teresa Cristina Ávila-Pires e Alexandre Aleixo — integram a Câmara. Aleixo foi um dos coordenadores do banco de dados geo-referenciado com mais de 900 espécies candidatas e a formulação da Lista Vermelha definitiva.
A criação da Câmara Técnica foi coordenada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Cientistas e pesquisadores de várias instituições participaram o levantamento das espécies. Eles indicaram 181 espécies de plantas e animais em três categorias de risco: criticamente em perigo (CR); em perigo (EN); e vulnerável (VU).
O objetivo da Câmara é acompanhar e avaliar permanentemente a lista, propondo a inclusão ou a exclusão de espécies, ou ainda modificações de categoria de ameaça.
Fonte: Agência Amazônia de Notícias