8 de outubro de 2008

Mulheres no poder

Depois da divulgação dos resultados do pleito de domingo, dia 5 de outubro, constatou-se que no ano que vem o Brasil terá mais prefeitas do que atualmente. Isso é muito bom para reafirmar a importância da inserção da mulher na política, mas ainda não é nem perto de ser um motivo para comemorações.

De acordo com dados do TSE, 498 mulheres foram eleitas prefeitas de seus municípios já no primeiro turno das eleições. Este número é maior do que o que temos atualmente, mas ainda não pode ser considerado satisfatório. Ele representa 9,16% do total de candidatos eleitos para as prefeituras. Em 2004, esse índice foi de 7,32% e, em 2000, de 5,72%.

Podemos fazer uma média de crescimento de dois pontos percentuais a cada eleição. Um número muito baixo, se considerarmos a quantidade de cargos públicos existentes. No total, 12.944 homens e 1.620 mulheres concorreram à eleição para prefeito em todos os municípios brasileiros. Ainda é uma diferença muito grande e precisamos trabalhar para mudar essa situação.

Se olharmos para a composição das Câmaras Municipais então, aí é que o otimismo em relação aos dados de 2008 não dura muito tempo. O percentual de mulheres eleitas para o cargo de vereador continua o mesmo das eleições de 2004. Conforme dados do TSE, no pleito anterior 12,64% de mulheres ficaram com as vagas. Em 2008, elas conquistaram 12,51% das cadeiras.

Ainda é muito representativa a ausência das mulheres em todas as esferas do poder público. Por exemplo, aqui, na Câmara dos Deputados, somente 10% dos cargos são ocupados por mulheres. É preciso aumentar a participação das mulheres na política, porque já está mais do que provado, que nós, que estamos aqui, representando o nosso povo, temos total capacidade para participar, gerir, tomar decisões e fazer diversas outras funções que sabemos exercer tão bem quanto qualquer homem.

Precisamos nos unir e lutar contra os preconceitos ainda existentes. Precisamos que os partidos invistam e preparem melhor suas militantes para concorrerem de forma justa e honesta nas eleições. Precisamos que os partidos cumpram a determinação de que 30% das vagas das candidaturas proporcionais têm que ser ocupadas por mulheres. E que eles sejam punidos quando essa cota não for cumprida. Para isso, também precisamos que as mulheres se interessem mais pela política e tenham a consciência que este país pode ser muito melhor se puder contar com a ajuda delas.

E, precisamos, principalmente, contar com as nossas 67.483.419 milhões de eleitoras, que representam 51,8%, dos 130,5 milhões de cidadãos inscritos na Justiça Eleitoral. O primeiro passo para quebrarmos o preconceito e deixarmos a política brasileira mais feminina, é nós acreditarmos em nós mesmas. Um país de homens e mulheres precisa ser administrado e governado por homens e mulheres. Cada um com as suas particularidades contribuindo para a consolidação de uma sociedade melhor.