O crescimento do papel da mulher no mercado de trabalho e na política não se verificou nas urnas nestas eleições municipais, apontam dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nas 26 capitais em que os eleitores escolheram prefeitos e vereadores, em apenas duas delas foram eleitas mulheres para chefiar o Executivo local: Luizianne Lins (PT), reeleita em Fortaleza (CE), e Micarla de Souza (PV) em Natal (RN), ambas declaradas vitoriosas no primeiro turno.
Nas eleições municipais de 2004, o mesmo número de prefeitas haviam sido eleitas: Luizianne, para seu primeiro mandato, e Teresa Jucá, para comandar o Executivo de Boa Vista (RR). Na comparação entre os dois pleitos, o número de prefeitas eleitas em todo o país passou de 410 naquele ano para 498 em 2008.
Em 34,61% das capitais, em contrapartida, os partidos não apresentaram este ano nenhuma mulher para concorrer à prefeitura, sendo a maior incidência de casos na região Norte. Segundo levantamento junto ao TSE, as cidades de Rio Branco (AC), Manaus (AM), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), Cuiabá (MT), Goiânia (GO), Vitória (ES), Salvador (BA) e São Luís (MA) não tiveram nenhum registro de candidatas a prefeita.
Nas Câmaras municipais a participação feminina foi ainda menor, com apenas 3,53% das candidatas a vereadora eleitas. De acordo com informações da Justiça Eleitoral, das 2606 mulheres que concorriam a uma cadeira para o Legislativo de seu Estado, somente 92 conseguiram êxito.
Entre as capitais, a que mais elegeu mulheres para a Câmara foi o Rio de Janeiro, com 13 vereadoras, seguida de Maceió, com 7, e de Manaus, Curitiba e Salvador, com 6 mulheres cada.
Também coube ao Rio o posto de capital que mais apresentou candidatas a vereadora neste pleito, com 267 registros. A segunda colocação ficou com Belo Horizonte, com 202 candidatas, enquanto Fortaleza ficou em terceiro lugar, com a candidatura de 183 mulheres.
No segundo turno das eleições municipais, realizado neste domingo, São Paulo e Porto Alegre foram as únicas capitais que apresentaram mulheres para a disputa, com Marta Suplicy (PT) e Maria do Rosário (PT), respectivamente. As duas, no entanto, saíram derrotadas por Gilberto Kassab (DEM) na capital paulista e José Fogaça (PMDB) na cidade gaúcha.
Comentário da notícia:
"Ainda é muito representativa a ausência das mulheres em todas as esferas do poder público. Por exemplo, aqui, na Câmara dos Deputados, somente 10% dos cargos são ocupados por mulheres. Precisamos nos unir e lutar contra os preconceitos ainda existentes. Precisamos que os partidos invistam e preparem melhor suas militantes para concorrerem de forma justa e honesta nas eleições. Precisamos que os partidos cumpram a determinação de que 30% das vagas das candidaturas proporcionais têm que ser ocupadas por mulheres. E que eles sejam punidos quando essa cota não for cumprida. Para isso, também precisamos que as mulheres se interessem mais pela política e tenham a consciência que este país pode ser muito melhor se puder contar com a ajuda delas.
E, precisamos, principalmente, contar com as nossas 67.483.419 milhões de eleitoras, que representam 51,8%, dos 130,5 milhões de cidadãos inscritos na Justiça Eleitoral. O primeiro passo para deixarmos a política brasileira mais feminina, é acreditarmos em nós mesmas. Um país de homens e mulheres precisa ser administrado e governado por homens e mulheres. Cada um com as suas particularidades contribuindo para a consolidação de uma sociedade melhor."