14 de janeiro de 2009

Em cinco anos, faturamento do PIM cresceu 192,64%

Em novembro de 2003, o faturamento do Pólo Industrial de Manaus foi de US$ 9,7 bilhões. No mesmo período em 2008, apesar de ter sido o pior dos últimos dois anos, as empresas acumularam um total recorde de US$ 28,5 bilhões.

Em novembro, o Pólo Industrial de Manaus (PIM) registrou o pior faturamento dos últimos dois anos. Os indicadores de desempenho da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) apontaram uma queda de 10% em relação ao mesmo período de 2006 - US$ 2,1 bilhões. Na comparação com 2007, a queda foi ainda maior, 26%. Mesmo assim, o abalo registrado em novembro - reflexo da crise financeira mundial - não impediu as indústrias locais de baterem mais um recorde no faturamento.

No acumulado dos últimos 11 meses de 2008, o PIM atingiu cifras superiores a US$ 28,5 bilhões, montante 20,19% maior que o obtido no acumulado de 2007, US$ 23,7 bilhões, resultado esse apontado como o melhor do pólo, desde 2003.

A estimativa da Suframa é fechar o ano de 2008 com um faturamento superior a US$ 30 bilhões. Isto é, US$ 5 bilhões a mais que a receita total de 2007 (US$ 25,6 bilhões). Na comparação com 2003, o incremento de 2008 será superior em quase US$ 20 bilhões.

Mas, se não influenciou no incremento, a recessão de novembro atingiu em cheio o quadro funcional das plantas fabris do pólo. O número de empregos diretos, incluindo mão-de-obra terceirizada, chegou a 108 mil em novembro, com base nos dados fornecidos por 387 das 550 empresas que compõem o pólo. Isto é, uma redução de 5.994 postos de trabalho em comparação com o mês anterior.

Na avaliação do superintendente adjunto de projetos, Oldemar Ianck, embora o faturamento tenha apresentado crescimento positivo, os resultados do mês de novembro mostram indícios do impacto da crise financeira em diversos segmentos do pólo, contribuindo também para o decréscimo do número de empregos. “A Suframa, em sincronia com o governo federal, está trabalhando no sentido de garantir que os danos da crise financeira sejam os menores possíveis, principalmente, no que se refere à questão da empregabilidade, por meio de medidas que fazem parte do pacote anticrise anunciadas pelos governos federal e estadual”, ressaltou.

Exportações - Ultrapassando o valor de US$ 1,1 bilhão no acumulado, em novembro as exportações contabilizaram acréscimo de 15,27% no comparativo com o mesmo período de 2007, em que as vendas ao comércio exterior alcançaram o montante de US$ 964,230 milhões. No entanto, houve queda de 36,40% na comparação mensal, uma vez que em novembro o valor exportado foi de US$ 89,993 milhões e em outubro, US$ 122,745 milhões.

Setor de eletroeletrônico se mantém na liderança - O segmento de eletroeletrônico/bens de informática mantém a liderança no ranking de faturamento dos principais segmentos do PIM, registrando US$ 12,421 bilhões - um crescimento de 12,85% em relação ao acumulado de janeiro a novembro do ano passado. Em segundo lugar, vem o setor de duas rodas, com US$ 7,337 bilhões e incremento de 30,77% na comparação do período.

Quanto aos produtos de maior destaque, a TV com tela de cristal líquido (LCD) é o carro-chefe do segmento de eletroeletrônico/bens de informática. De janeiro a novembro de 2008, foram produzidas 2.551 milhões de unidades contra 731.445 mil em 2007, alta de 248,85%. As unidades condensadoras para Split System (condicionadores de ar splits) também tiveram alta no índice de produção, comparado com o mesmo período do ano passado, de 170,74%. No segmento de duas rodas, alavancado pelas motocicletas, motonetas e ciclomotores, foram produzidas 2.249 milhões de unidades de janeiro a novembro de 2008, 26,01% a mais que no acumulado de 2007.

Outros produtos que merecem destaque no aumento da produção são: câmeras fotográficas digitais (84,78%), televisores de plasma (75,44%), telefones celulares (28,82%), aparelhos telefônicos/porteiros eletrônicos (25,48%), receptores de sinal de televisão (23,38%), relógios de pulso e de bolso (20,13%), microcomputadores - inclusive notebooks (12,49%), compact disc - inclusive CD-ROOM (17,20%) e aparelhos de barbear (8,00%). Apesar da variação positiva no período acumulado, alguns produtos fabricados no PIM sofreram desaceleração produtiva a partir de outubro, tais como telefones celulares, receptores de sinal de TV, telejogos, home theaters, monitores com tela de LCD, e condicionadores split. Em contrapartida, outros produtos registraram aumento de produção no mês de novembro, em comparação com outubro, como motocicletas e motonetas, aparelhos de áudio portáteis, condicionadores de ar de parede, e monitores com tela de cinescópio (uso em informática).

Cortes nas contribuições - A crise econômica mundial deve mesmo fazer com que o governo do Estado ‘aperte o cinto’ nos próximos dias. Depois de abrir mão de alguns impostos, a próxima medida anticrise deverá ser no sentido de restringir repasses para Fundo de Fomento ao Turismo, Infra-Estrutura, Serviço e Interiorização do Desenvolvimento do Estado do Amazonas (FTI), assim como recursos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Isso beneficiaria a indústria, a qual poderia contar com a redução de tais contribuições.

De acordo com o secretário de Estado da Fazenda do Amazonas (Sefaz/AM), Isper Abrahim, nada ainda foi definido quanto ao assunto, mas a possibilidade não é descartada entre as medidas que o governo deverá anunciar dentro dos próximos dias.

A possível medida, entre outras, foi discutida ontem entre o secretário da pasta e representantes dos diversos setores da economia. Abrahim informou que já há estudos nesse sentido, mas que deverá ser concluído com cautela. “São repasses primordiais. Estamos analisando com bastante cuidado”, disse, ao exemplificar que as restrições deverão partir da economia de alguns custos dentro da universidade.

O empresariado que esteve presente na reunião aproveitou para discutir problemas como restrição de crédito e a dificuldade de segurar os empregados, diante os reflexos causados pela crise. O presidente do Sindicato das Indústrias de Plástico do Estado do Amazonas (Sinplast) Ulisses Tapajós, reclamou que o setor ainda não sentiu efeito das medidas, e apresentou um estudo feito em assembléia pelo sindicato.

O subsecretário da Sefaz, Thomaz Nogueira, informou que alguns setores serão mais dificultosos para a implementação de medidas, como o termoplástico. Contudo, assegurou que todas as medidas serão analisadas nesta semana. “Não pode parecer que há despreocupação com nenhum dos setores. O governo já adotou medidas também para este setor, não temos mais o que renunciar em questão de ICMS”, concluiu.


Fonte: Amazonas Em Tempo