6 de março de 2009

Dia Internacional da Mulher

As comemorações do Dia Internacional da Mulher tiveram início nesta semana no Congresso Nacional. A quarta-feira (4) foi marcada pela abertura da semana de eventos em comemoração a data. A ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéa Freire, recebeu a Bancada Feminina do Congresso Nacional para um almoço nas novas instalações da Secretaria. De acordo com a deputada Rebecca Garcia, essa parceria com a SPM é essencial para o bom andamento dos projetos em defesa dos direitos da mulher. “A relação com a secretaria é uma força a mais que temos para brigar pelas mulheres brasileiras”, comenta.

À tarde, a Bancada Feminina se encontrou com o presidente da Câmara Michel Temer, no Salão Verde. Na ocasião, Temer anunciou a criação de comissão especial para analisar a proposta de emenda à Constituição que assegura à bancada feminina um lugar na Mesa Diretora da Câmara - PEC 590/06, da deputada Luiza Erundina (PSB-SP). A deputada Rebecca irá participar como titular desta Comissão. “A discussão desta PEC é um grande avanço na história dessa Casa. Está cada vez mais próxima a garantia da representação proporcional de cada sexo na composição das Mesas Diretoras”.

Homenagem - “Sem ter amor não é viver. Não há você sem mim. E eu não existo sem você”, esses e outros versos de Tom Jobim, cantados pelo coral do Senado, entoaram a abertura da Sessão Solene conjunta da Câmara e do Senado em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

Além de homenagens a todas as mulheres, foi realizada na Sessão a sétima edição da entrega do Diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz a cinco personalidades femininas que prestaram relevantes serviços para a garantia dos direitos femininos. As agraciadas foram a embaixadora da Boa Vontade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Lily Marinho; a juíza maranhense Sônia Maria Amaral Fernandes Ribeiro; a jornalista, atriz e poeta Elisa Lucinda Campos Gomes; a secretária-geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cléa Anna Maria Carpi da Rocha; e a assistente social Neide Viana Castanha, que coordena o Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.

A Deputada Rebecca Garcia teve a honra de entregar o prêmio à homenageada Elisa Lucinda. “Uma homenagem mais que merecida. Ela é um exemplo de mulher que luta pela igualdade entre homens e mulheres, entre brancos e negros. Ela está no mundo para marcar presença. É um símbolo de muita força, além de ser uma artista excepcional”, comenta a parlamentar.
Pronunciamento feito pela Deputada Federal, Rebecca Garcia, do Partido Progressista (PP) do Amazonas, no Plenário do Senado Federal, no dia 05 de março de 2009, na Sessão Solene do Congresso Nacional em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

Senhor Presidente,

Senhoras e Senhores Deputados,


Estamos aqui reunidos para comemorar o Dia Internacional da Mulher. Gostaria de usar o tempo a mim destinado para fazer um apelo: vamos ocupar o espaço que é nosso na política brasileira.

É preciso. O mundo inteiro tem líderes femininas subindo ao poder. Nos Estados Unidos, derrotada por Barack Obama nas prévias, Hilary Clinton foi chamada pelo adversário para o segundo cargo mais importante na hierarquia do Governo norte-americano, a Secretaria de Estado, de onde Henry Kissinger ganhou influência mundial e o Prêmio Nobel da Paz de 1973.


Nós, mulheres brasileiras, precisamos planejar o futuro. De nada adiantaria, hoje, se surgisse uma grande líder, capaz de concentrar o voto feminino, que é maioria, sem uma mudança anterior na correlação de gênero no Senado, na Câmara Federal, nas Assembléias Estaduais, Câmaras Municipais, Prefeituras e Governos Estaduais. Não adianta uma vitória isolada.


A mulher precisa ocupar espaço na política brasileira porque é mais organizada e tem tudo para se transformar no principal artífice do desenvolvimento nacional.

Transcrevo um trecho do livro “Pós-Guerra, uma história da Europa desde 1945”, do escritor inglês Tony Judt: “Na sequência da Segunda Guerra Mundial, a perspectiva da Europa era de miséria e desolação total. Fotografias e documentários da época mostram fluxos patéticos de civis impotentes atravessando paisagens arrasadas, com cidades destruídas e campos áridos. Crianças órfãs perambulam melancólicas, passando por grupos de mulheres exaustas que reviram montes de entulho. Deportados e prisioneiros de campos de concentração, com as cabeças raspadas e vestindo pijamas listrados, fitam a câmera, com indiferença, famintos e doentes.”


Nesse livro, um resgate completo da história européia depois da Segunda Guerra, fica claro que o velho continente, no lado dos vencidos e dos vencedores, foi completamente arrasado. Varsóvia, capital da Polônia, foi dinamitada, casa por casa, rua por rua, pelo exército alemão em retirada. Londres teve mais de 70 por cento das residências destruídas. Mais de 19 milhões de civis europeus não-combatentes foram mortos.


Clement Attler, que derrotou esse grande estadista que foi Winston Churchil, em 1945, resumiu o que precisava ser feito: “Cidades bem construídas e planejadas, além de parques e campos para a prática esportiva, casas e escolas, fábricas e lojas”.


Os brasileiros que visitam a Europa, hoje, costumam voltar de lá falando maravilhas. As ruas são bem calçadas e limpas; o transporte coletivo urbano e interurbano ou internacional, rodoviário ou ferroviário, é perfeito; as estradas são um verdadeiro tapete; a história pulsa nos museus e monumentos; as cidades, casa por casa, parecem sempre novas e estão sempre bem cuidadas.

O que poucos lembram é que tudo isso foi construído após a Segunda Guerra Mundial. Quando os Aliados puseram fim à loucura de Hitler, pouco do que era a Europa ficou de pé.


Como se deu esse milagre? Os Estados Unidos emprestaram, a dinheiro de hoje, em torno de 250 bilhões de dólares, através do Plano Marshal, e tudo foi reconstruído.


Só mais um dado histórico importante: as mulheres, ao final da Segunda Guerra Mundial, eram 20 milhões a mais que os homens no continente.


A Europa, companheiros e companheiras, é um exemplo a ser seguido.


Qual País, mais que o Brasil, precisa de “cidades bem construídas e planejadas, além de parques e campos para a prática esportiva, casas e escolas, fábricas e lojas”, como resumiu Clement Attler?


A mulher precisa levar para a política brasileira sua capacidade de planejamento e economia, para ajudar o País a alcançar esse objetivo.


O Brasil precisa de nós, companheiras. Os homens que hoje combatem a corrupção neste País, que são poucos, embora valentes, precisam de mais mulheres ao lado deles, lutando para executar e transformar nossa terra num local desenvolvido e com alta qualidade de vida, para nós e nossos filhos.


A Europa levantou e se tornou exemplar em apenas 50 anos. A mulher na política é capaz de iniciar um processo em que o Brasil se levante, afaste a corrupção e construa uma nação à altura da riqueza que produz.


Parabéns pelo Dia Internacional da Mulher. A luta é nossa. O Brasil merece. Parabéns a todas nós.


Fotos: Edson Santos / Rodolfo Stuckert (Ag. Câmara)