“Navegar, pescar e nadar no rio das Velhas em sua passagem pela região metropolitana de Belo Horizonte”. Este é o foco da campanha de recuperação do curso d’água que, diante das dimensões dos rios amazônicos, qualquer amazonense consideraria pequeno, para ficar no mínimo. A frase sintetiza, porém, uma decidida ação do povo mineiro, Governo do Estado e prefeituras da área totalmente envolvidos, desde 2003, para transformar o que era um esgoto a céu aberto, totalmente degradado, num ponto de contemplação e integração homem-natureza, até 2010.
Belo Horizonte e arredores dão um exemplo sentido a todos nós, manauaras, amazonenses, amazônidas. Os rios de nossa região estão cada vez mais empobrecidos. O rio Negro, que nunca foi farto, está mais escasso de peixe a cada dia.
Tudo isso foi provocado por décadas e décadas de total falta de compromisso e ignorância em relação ao meio ambiente, especialmente a partir de 1968, com o advento da Zona Franca.
Hoje e amanhã, quando vamos realizar na Assembléia Legislativa do Amazonas o I Fórum das Águas de Manaus, temos a obrigação de discutir uma postura mais cidadã, acelerada e decidida em relação à recuperação dos cursos d’água da cidade.
O Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim) é uma oportunidade preciosa demais para que a desperdicemos. Não esqueçamos que, na década de 1970, muitos igarapés de Manaus receberam obra semelhante, embora jamais na mesma envergadura. Está aí o exemplo do igarapé do Coroado, dragado, aprofundado, protegido por ruas de um lado e do outro, durante a gestão do então governador José Lindoso. Ou o próprio igarapé do Franco, na Compensa, no centro da avenida Brasil, de onde foram retirados centenas de barracos, pelo então prefeito Arthur Virgílio Neto.
Nada disso foi suficiente para permitir à população “navegar, pescar e nadar no rio...”, como agora estão quase conseguindo os mineiros de Belo Horizonte, no rio das Velhas. De nada adiantará o enorme esforço do governador Eduardo Braga, com o Prosamim, se não houver entre nós conscientização da importância da água para o planeta e para a vida fluvial, tão bem representada pelos peixes.
O Dia Mundial da Água, que estamos comemorando com esse I Fórum das Águas de Manaus, é uma oportunidade imperdível de mostrar que avançamos muito, mas ainda é possível e necessário avançar mais na preservação de nossos cursos d’água e no quanto eles são preciosos.
SEBASTIÃO REIS – Abro um tópico especial neste espaço para falar do jornalista Sebastião Reis, cuja missa de 7º Dia de Falecimento ocorrerá hoje, às 19h, na Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, na Vila Municipal.
O Amazonas perdeu um grande talento. Pude conhecer e trabalhar bem de perto com Reis, seja na época do jornal O Estado do Amazonas ou neste mandato de deputada federal. Mostrava dedicação e paixão pelo que fazia, era criativo, brincalhão e extremamente sensível para a política. Muitos dos discursos que levei a plenário foram fruto da discussão detalhada com ele e resultaram da visão idealista de mundo que compartilhamos.
Reis foi o autor da frase “Mulher acredite, nós também podemos”, estampada nas peças publicitárias com que comemoramos o Dia Mulher.
Rebecca Garcia
Artigo publicado no jornal Diário do Amazonas