Dias 30 e 31 deste mês acontece o I Fórum das Águas de Manaus, no plenário da Assembléia Legislativa. É uma iniciativa minha, da deputada estadual Conceição Sampaio (PP) e do vereador Marcelo Ramos (PCdoB), com apoio da Frente Parlamentar Ambientalista, da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, da Fundação SOS Mata Atlântica, da Assembléia Legislativa do Amazonas, da WWF Brasil, do Comitê Tarumã-Açu e do Amazon Eco Park. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, confirmou presença e criamos até um site de divulgação do evento: www.forumdasaguasdemanaus.com.br.
Estarão presentes também representantes do Governo do Amazonas, Prefeitura de Manaus, Agência Nacional de Águas, Comitê das Águas e Meio Ambiente, Fundação Rede Amazônica, deputados federais, deputados estaduais e vereadores.
Água é um assunto mais urgente que pensamos. Temos 1,4 bilhão de metros cúbicos de água, mas 97,5% são água do mar. Apenas 2,5% são de água doce e a maior parte dela está nos pólos. Nada menos do que 69% estão sob forma de gelo, quase inacessíveis. Outros 30% estão nos lençóis subterrâneos, ainda também praticamente inutilizáveis. Rios e lagos representam apenas 0,26% do total de líquido que a humanidade tem disponível ao seu alcance.
O secretário municipal de Limpeza e Serviços Públicos de Manaus, Paulo César Cavaletti, revelou outro dia que foram retiradas mais de 100 toneladas de lixo só do igarapé do São Raimundo, nas últimas semanas. Isso mostra a alarmante falta de conscientização da população manauara quanto à importância da água. Quem atira lixo nos igarapés não pode ter ouvido falar sobre o estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) revelando que, até 2025, 17 países terão “absoluta insuficiência de água”.
O amazonense tende a se acomodar com o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim). É um erro. É uma grande iniciativa, certamente a água dos igarapés ficará melhor depois de concluído o trabalho, mas isso não muda a relação da nossa população com os cursos d’água, não nos fará deixar de poluí-los, atirando o lixo doméstico, como ocorre hoje. Sem mudança de atitude, o Amazonas nem terminará de pagar o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que financia o Prosamim, e o status quo anterior estará de volta.
O Governo do Estado está fazendo sua parte, que é, sem dúvida a mais onerosa. Falta a sociedade fazer a dela, igualmente difícil, mas extremamente mais barata, permitindo que os rios e igarapés voltem para os peixes, contribuindo para diminuir a sujeira que hoje os cerca.
O I Fórum das Águas de Manaus é um evento de grande alcance e enorme responsabilidade. Convido o povo amazonense a participar. O mundo cobra-nos pela preservação da Floresta Amazônica. Chegará o momento em que o cuidado com os rios será motivo de cobrança bem mais severa. Temos que nos preparar para esse dia.
23 de março de 2009
segunda-feira, março 23, 2009
Fórum das Águas
Rebecca Garcia
Artigo publicado no jornal Diário do Amazonas