8 de abril de 2009

União para contornar os efeitos da crise econômica mundial

Na terça-feira (07), a Deputada Rebecca Garcia participou de Audiência Pública na Comissão Especial destinada ao exame e avaliação da crise econômico-financeira. O convidado especial para o debate foi o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann. A reunião foi feita em conjunto com a comissão que trata especificamente de Serviços e Emprego e a que diz respeito à repercussão no Sistema Financeiro e Mercado.

Pochmann trouxe para as comissões os resultados dos estudos do IPEA que definem as características estruturais da crise. Segundo o especialista, para contornar os efeitos do momento financeiro mundial o Brasil terá que repensar seus padrões de financiamento a longo prazo e de produção e consumo.

De acordo com a deputada Rebecca Garcia o momento é de atenção. “As ações emergenciais devem ser tomadas com muito cuidado para não termos conseqüências ainda mais graves no futuro. Temos que nos concentrar e trabalhar não só para manter os postos de trabalho, como para conseguir abrir novas vagas para que os jovens possam ingressar ainda este ano no mercado.”

A comissão especial está debatendo diversos aspectos da crise e, ao final, irá buscar soluções para apresentar ao Poder Executivo e ao país. “Iremos trabalhar com propostas para amenizar os efeitos na economia. Como representante do Amazonas, trabalharei principalmente para contornar a situação na Zona Franca de Manaus, que já sofreu com diversas demissões e perdas.”
Rebecca apresentou à comissão, nesta quarta-feira, requerimento para a realização de Seminário no Auditório da Suframa para discutir os efeitos da atual crise econômico-financeira na economia amazonense e nas atividades do Pólo Industrial de Manaus, apontando as possíveis alternativas e soluções para superá-la. A data do debate ainda será marcada pela comissão.

Confira na íntegra a reportagem da Agência Câmara:


IPEA PREVÊ QUE CRISE PROVOCARÁ DESEMPREGO MAIOR PARA JOVENS

O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, avaliou que os jovens serão os mais afetados com a perspectiva de desemprego para este ano. Ele participou, nesta terça-feira, da audiência pública realizada por duas comissões especiais da Câmara que discutem soluções para a crise financeira mundial - a do Sistema Financeiro e a de Serviços e Empregos.

Projeções do Ipea apontam o crescimento do PIB brasileiro entre 1,5 e 2,5 % em 2009. Segundo o presidente do Ipea, este patamar é insuficiente para gerar empregos, principalmente para quem chega agora ao mercado de trabalho.

Mas para o relator da comissão especial da crise que discute serviços e empregos, deputado Vicentinho (PT-SP), o jovem deve se manter otimista. "A política do primeiro emprego deve ser, cada vez mais, fortalecida. O jovem não deve perder a expectativa porque é para o jovem que o Brasil está se direcionando."

Saídas para a crise - Márcio Pochmann apontou alguns caminhos para reverter este cenário. "Reforçar e defender a produção nacional porque sem crescimento não temos condições de gerar emprego. De outro lado, uma ação forte com o objetivo de retirar pessoas que hoje estão no mercado de trabalho, mas que, em tese, não precisariam estar, como crianças e adolescentes." Ele também defendeu a saída do mercado de trabalho de aposentados. Pochmann destacou que 7 milhões de aposentados ainda trabalham.

O economista reclamou do uso abusivo de horas extras. "Se diminuírem as horas extras, abre-se espaço para a geração de empregos."

Efeitos da crise - O presidente do Ipea também destacou outros efeitos da crise mundial. Segundo Márcio Pochmann, o País não deverá entrar em recessão em 2009, principalmente porque as exportações foram diversificadas e buscaram-se novos parceiros. Ele assinala que o Brasil, nos últimos cinco anos, reuniu crescimento econômico e melhor distribuição de renda.

Já o corte de crédito deverá afetar a economia. Pochmann observou que 1/5 dos investimentos do País dependem de recursos externos. Para o economista, apesar de existir um movimento de recuperação, a atuação dos bancos públicos não vai compensar as perdas do capital externo. Ele também disse que a situação das multinacionais merece uma melhor análise porque já há um movimento de remessa de recursos para as matrizes.

Combate à crise - Márcio Pochmann ainda indicou três pontos estruturais necessários para combater a crise:

1 - Necessidade de um padrão de financiamento em bases sólidas. "O sistema de financiamento a longo prazo vigente até agora não vai sobreviver à crise, não se sabe que padrão será adotado nos próximos anos." O economista acredita que esse problema não será resolvido a curto prazo.

2 - Necessidade de se construir um padrão de consumo sem agredir o meio ambiente. "Se for mantida a produção atual teremos sérios problemas no futuro."

3 - Necessidade de retomar a governança. Pochmann identifica uma escassez de ações de grupos e organismos multilaterais. "É preciso uma governança, porque antes existia FMI que dava um rumo à economia." O economista acrescenta que a crise é sistêmica e precisa de um conjunto articulado de ações.


Fonte: Agência Câmara