4 de maio de 2009

Transplantados de rins e fígado recebem apoio de políticos do AM

Deputada Rebecca Garcia e Rildo Soares, presidente da Associação dos transplantados e portadores de doenças hepáticas do Amazonas (Transplante-AM), em reunião no gabinete

Na última terça-feira, 28, aconteceu, no Plenário Ruy Araújo, em Manaus, a Audiência Pública para se discutir um assunto delicado que depõe contra a gestão de saúde no Amazonas: a situação dos transplantados de rins e fígado no Estado.

De autoria do deputado estadual Luiz Castro (PPS-AM), em resposta ao Requerimento 534/2009, a solenidade reuniu diversas autoridades na área de saúde, com atuação nas três esferas públicas, estadual, municipal e federal, com presença marcante de representantes da sociedade civil organizada, com destaque para as Associações dos Renais Crônicos e dos Portadores de Hepatites e Transplantados de Fígado.

“Ao longo dos últimos anos, avançamos muito pouco no tratamento de pacientes renais e doenças hepáticas. O pouco que evoluímos focou a área de direitos humanos. Precisamos direcionar ações que tanjam a viabilização, de fato, dos transplantes”, explica Castro.

Contatada pelo presidente da Associação dos Transplantados de Fígado e Portadores de Doenças Hepáticas do Estado do Amazonas, Rildo Soares, a deputada Rebecca Garcia (PP-AM) recebeu as demandas da classe e se comprometeu em articular, junto ao governador do Amazonas, Eduardo Braga, a formulação de um projeto de construção de um centro especializado para o recebimento, tratamento e acompanhamento desse público específico de pacientes, bem como a liberação de um terreno para a empreitada.

“A conversa com o governador foi promissora e acertamos a concessão das solicitações feitas pela classe”, disse Rebecca.

A situação das doenças no AM - Referente à hepatite, o deputado Luiz Castro revelou uma ausência preocupante de ações mais concretas na área e que os tratamentos concentram-se, principalmente, na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMTAM), no entanto, raramente se consegue sucesso na realização de transplantes.

“Precisamos envolver outras instituições. A hepatite cresceu muito no Amazonas e a FMTAM não teve condições de acompanhar essa evolução, pois a doença dividiu atenção com a Aids, que também se projetou como doença preocupante no Estado”, declarou Castro.

Quanto aos transplantes de fígado, estes, segundo o deputado, são considerados pelos gestores e autoridades como operações burocráticas, que exigem uma “estrutura particular magnífica”. A falta de equipes preparadas para atuar em locais diferentes e adequados é um ponto a ser superado. “Precisamos tanto de hospitais com referencial técnico quanto de bons profissionais e condições adequadas de trabalho”, salientou Castro.

Em plenária, depoimentos enquadravam a inexistência de uma Central de Captação de Órgãos como fator dificultante para a consolidação de qualquer política pública capaz de atender a essa demanda. E esse empecilho tem deixado o Amazonas em situação constrangedora perante outros Estados do Norte.

O Pará, nos últimos dois anos, realizou aproximadamente 1100 transplantes, enquanto o Amazonas 289. “Porto Velho também superou o Amazonas. Se compararmos as proporções de investimento em saúde nos dois Estados fica difícil entender esse desnível”, desabafa Castro, criticando a prioridade nos direcionamentos dos recursos para a hemodiálise (que é muito mais dispendiosa) em detrimento do transplante em si.

Para a deputada Conceição Sampaio (PP-AM), a audiência cumpre um papel social importantíssimo. “Com esse ato fazemos com que a Constituição do nosso país seja cumprida, pois assegurar o direito à vida é um dever constitucional”, aposta a deputada.