As palavras da música O funeral da natureza, cantada e composta por Zeneida Lima de Araújo, pajé da etnia Caruana, de Souri, na Ilha de Marajó (PA), definiram o clima da vigília realizada no Plenário do Senado Federal em defesa da Amazônia. O evento, liderado pelos atores Christiane Torloni e Victor Fasano, durou das 19h de quarta-feira (13) às 3h da madrugada de quinta-feira (14) e demonstrou a apreensão da sociedade, de autoridades do governo federal e parlamentares em relação ao futuro da Amazônia.
A vigília foi promovida pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, da qual a deputada Rebecca Garcia é membro titular, pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e pela Comissão de Direitos Humanos.
Confira na íntegra a reportagem do Jornal do Senado
A vigília foi promovida pela Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, da qual a deputada Rebecca Garcia é membro titular, pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e pela Comissão de Direitos Humanos.
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SARNEY E TEMER RECEBEM LISTA DE PROJETOS EM DEFESA DA AMAZÔNIA
O presidente do Senado, José Sarney, e o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, receberam na noite de ontem das mãos da senadora Marina Silva (PT-AC), ex-ministra do Meio Ambiente, uma lista com nove projetos de lei considerados prioritários para garantir a preservação da Amazônia. Entre eles, está o PLS 3.535/08, que institui a política nacional de mudanças climáticas. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), presidente da Comissão Mista de Aquecimento Global, pediu aprovação rápida das matérias.
O documento foi entregue durante audiência pública conjunta das comissões Mista do Aquecimento Global, de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle (CMA) que ocorreu na forma de uma vigília pela preservação da Amazônia. Após receber o texto, Sarney, Temer e as outras autoridades que participaram da Mesa assinaram o abaixo-assinado Amazônia para Sempre, que já contava com mais de 1 milhão e 100 mil assinaturas, pedindo a preservação da Amazônia. As assinaturas foram coletadas pelo movimento Amazônia para Sempre, criado pelos atores Christiane Torloni, Victor Fasano e Juca de Oliveira.
Ideli Salvatti, que presidiu a sessão, abriu os trabalhos citando o ambientalista Chico Mendes: "No começo, pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras. Depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora percebi que estava lutando para salvar a Humanidade".
Já o presidente do Senado afirmou na abertura da sessão que se alistava como "soldado" para defender a região dos danos ambientais. Na opinião dele, preservar a Amazônia é uma tarefa nobre e necessária em função do que ela representa para o Brasil e o mundo.
– Lutar pela preservação da natureza é lutar pela preservação da vida – declarou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, destacou que a vigília trata da preservação não apenas da mata, mas de todos os seres viventes na Amazônia, inclusive os humanos. Temer acredita que a vigília ressalta a importância do Legislativo no Brasil.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que o país está passando um momento muito difícil em relação ao meio ambiente e à Amazônia, em que ocorre uma ofensiva conservadora muito grande.
– É inacreditável. Você olha inundações no Norte, secas incríveis no Sul, geleiras derretendo, o nível do mar subindo, o mundo inteiro se preocupa com o clima. E aqui no Brasil, nos parlamentos inclusive, vemos uma ofensiva para diminuir as proteções ambientais, como se a proteção que existe fosse um engessamento no Brasil – alertou o ministro.
Carlos Minc acredita que o país precisa, na verdade, de mais proteção ambiental. Nos últimos três anos o número de espécies em risco de extinção triplicou no Brasil, informou Minc, passando de 240 para 620.
Alerta - Marina Silva afirmou que a vigília é uma demonstração de que a sociedade está em estado permanente de alerta, atenta a possíveis retrocessos na legislação ambiental. Ela lamentou, porém, que os projetos de lei que facilitam a destruição da floresta tramitem muito rapidamente, enquanto os que protegem o ambiente levam anos para serem examinados.
O presidente da CMA, Renato Casagrande (PSB-ES), afirmou que a vigília cumpre um papel de reação "a movimentos que desejam continuar com o velho modelo de desenvolvimento". Para o senador, a vigília é uma reação para que a sociedade brasileira possa escolher qual modelo de desenvolvimento deseja seguir.
O vice-presidente da CDH, José Nery (PSOL-PA), destacou que não é possível proteger a Amazônia sem proteger a população amazônida, composta por 25 milhões de brasileiros. Nery informou que esta foi a terceira vigília feita pelo Senado Federal e que é um "ato carregado de simbolismo ímpar".
O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), acredita que a questão básica é decidir o que se deseja para a Amazônia: se a região será uma fronteira agrícola ou um bioma que presta serviços à Humanidade.
– O serviço ambiental que a Amazônia presta é a garantia da vida no planeta e tem que ser preservada – defendeu.
O ator Victor Fasano, um dos idealizadores do movimento Amazônia para Sempre, espera que a vigília forneça material suficiente aos parlamentares para que possam repudiar ações que não sejam sustentáveis ecologicamente.
Por sua vez, a atriz Christiane Torloni, que se emocionou várias vezes durante seu discurso no Plenário, afirmou que "a natureza grita bem alto que infelizmente já passou de seus limites". Torloni frisou que a luta para preservar a floresta é uma questão de soberania e instou todos os eleitores a banir, nas próximas eleições, quem insiste em usar a floresta como moeda de troca em seus negócios.
Encerrando a solenidade de abertura, a representante da Conferência Infanto-juvenil do Meio Ambiente, Mirla Cristina Peixoto Brilhante, pediu aos parlamentares que não deixem a Amazônia virar uma grande pastagem ou uma enorme plantação de soja. A menina lamentou a degradação de um riacho que passa perto da casa onde mora.
Fonte: Jornal do Senado