Há complexo e poderoso mecanismo internacional se movendo em torno das mudanças climáticas, com ações de marcante conteúdo político e financeiro.
O Amazonas deve focar na reunião da ONU sobre mudanças climáticas, entre 7 e 18 de dezembro deste ano, em Copenhague, Dinamarca. É lá que o futuro do Estado, como uma das maiores reservas mundiais de floresta, será decidido.
O Protocolo de Kyoto, que expira em 2012, foi aberto para assinaturas em 11 de dezembro de 1997, mas só entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005, quando 55% dos países emissores de gases do efeito estufa o ratificaram.
Foi em Kyoto que o mundo decidiu pagar pelo reflorestamento e esqueceu da floresta em pé. A Amazônia e o Amazonas, cercados de restrições ambientais por todos os lados – vide a dificuldade para asfaltar a BR-319 –, ficaram sem recursos que remunerassem o serviço de preservação.
Os primeiros passos rumo a Copenhague já foram dados. De 1 a 13 de dezembro, ano passado, aconteceu a Conferência da ONU sobre mudanças climáticas (COP14), em Poznan, na Polônia, com mais de 11 mil participantes.
Foi aprovado o Fundo de Adaptação às Mudanças Climáticas, com recursos anuais para países em desenvolvimento que enfrentam conseqüências das mudanças climáticas. Mas, quanto à Redução de Emissões Decorrentes de Desmatamento e Degradação de Florestas (Redd), um dos assuntos de maior interesse para o Brasil e o Amazonas, o compromisso pouco avançou.
Reuniões em Bonn, Alemanha (29/03 a 8/04 e de 1º a 12/06), avaliaram a primeira versão de um possível substituto do Protocolo de Kyoto. Em agosto ou setembro acontecerá mais um encontro preparatório.
Vejo o governador Eduardo Braga vivamente interessado no tema. Terça-feira, no Congresso, promovi audiência pública com todos os parlamentares que têm projetos sobre a questão ambiental na Amazônia. Queremos unificar o discurso e a legislação em torno do tema, que os cientistas reconhecem ser fraca e omissa.
O Amazonas não pode ser punido por sua história ambientalmente correta. Chegou a hora de o caboclo receber desenvolvimento em troca dos 98% de floresta e 99% de água doce, na parte da Amazônia que nos cabe, inteiramente preservados.