Desde sexta-feira, compondo a comitiva do Governador Eduardo Braga, e até o momento em que escrevo, estou no Alto Solimões.
Visitamos as cidades da região, ao longo das calhas dos rios, sejam pequenas, grandes ou médias. O Governo do Estado tornou-se itinerante, com os secretários conhecendo de perto a realidade desses locais e fugindo daquela visão diária dos problemas exclusivos da capital.
Vimos muita coisa. Tomamos o choque de conhecimento da disparidade amazonense, entre uma Manaus inchada e em franco desenvolvimento, chegando a limite de poluição capaz de provocar o fumaceiro de sexta-feira, e um interior pacato, formado por cidades com população ainda diminuta.
Medito sobre o que poderia ser feito pelo futuro do Estado. Ora, uma cidade com 20 mil habitantes tem, no máximo, 5 mil casas – e olhe que as famílias costumam ser numerosas por aqui, superando em muito a média estatística do IBGE, de 4,6 membros. Há pouquíssimas ruas e a infraestrutura administrativa é minúscula. Acho que ainda há tempo para que as esferas administrativas municipal, estadual e federal se unam e passem a limpo esses locais.
Há programas federais que repassam recursos individuais para recuperação de casas. E os sanitários medievais do nosso interior, sem destinação de resíduos, poderiam ser transformados num sistema moderno, com saneamento básico irretocável, tratamento de esgoto e combate à poluição ainda no nascedouro.
Imagino essas cidades pequenas em que, a partir da captação de recursos federais, todas as casas sejam modificadas. Penso num concurso de arquitetura, no qual estudantes, profissionais e escritórios da área seriam desafiados a criar modelos de residências e quintais adaptados à região.
Quintais, sim, onde a terra pudesse ser trabalhada para oferecer o máximo. Percebo, e os cientistas podem me corrigir se estiver errada, que a região oferece frutas de acordo com a necessidade humana para cada estação. Há abundância de melancia e abacaxi, por exemplo, nesse período de calor. E as hortaliças? Os médicos não se queixam de que a dieta do caboclo é pobre? Vamos plantá-las.
Não é fácil como parece. Os programas do Governo Federal exigem que os terrenos sejam titulados, mas isso é coisa de outro mundo, num Estado onde o interiorano ainda luta para ter a Certidão de Nascimento.
Temos muita luta pela frente.
Rebecca Garcia
Artigo publicado no jornal Diário do Amazonas