Estou no "porto do mercador", que é a tradução da palavra Copenhague, nome da sede da 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 15). Esta cidade, de área metropolitana com 2,7 milhões de habitantes, cujas primeiras referências datam do Século XI, está unida a Malmö, na Suécia, pela ponte de Oresund, nome da região transnacional onde se localiza. A fDI Magazine, do grupo Financial Times, a colocou como quarta cidade mais importante do futuro europeu, atrás apenas de Paris, Londres e Berlim. É aqui que o mundo discute o que fazer diante das mudanças climáticas do planeta.
Há de tudo aqui. São 191 países participantes e cada um com muitas idéias na cabeça. O fundamental, porém, é saber como será formado o Redd (Reducing Emissions from Deforestation and Forest Degradation in Developing Countries), sigla em inglês que, traduzindo, significa Redução das Emissões geradas com Desmatamento e Degradação Florestal nos Países em Desenvolvimento.
Está em jogo, por trás de tudo, o moderno sistema de dominação internacional. Explico.
A economia mundial está em transformação. A China, que detém metade da população terrestre, acelerou o desenvolvimento e breve competirá de igual para igual com os EUA. Os dois integram o Conselho de Segurança da ONU e o fechado grupo dos que possuem arsenal nuclear. Não há, portanto, como resolver uma disputa pela via militar, sob pena de destruição da terra.
Discute-se na COP-15 se os países desenvolvidos arcarão sozinhos com o fundo ambiental ou se os emergentes, especialmente os do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), também terão que desembolsar recursos. Da mesma forma se dá a discussão sobre quanto cada um dos grupos reduzirá a emissão de CO2, o gás da indústria.
Ora, num mundo igualitário e sem tantos interesses econômicos, esse debate crucial permitiria reordenar a distribuição da riqueza mundial. Basta os países ricos reduzirem as emissões em nível maior e os mais pobres, inclusive emergentes, um pouco menos, para que a comida e a qualidade de vida se reequilibre no planeta.
Enfim, há tantos interesses, nas rodadas de discussão aqui, que poucos apostam num acordo que evite o aumento da temperatura terrestre. Tenho esperanças. Tomara que esteja certa.
Rebecca Garcia