Claro que um problema como esse, que atingiu em cheio as comitivas dos presidentes Lula e seu convidado francês, Nicolas Sarkozy, na visita à cidade, assusta, intriga e remete a reflexão.
Por que o coração da Floresta Amazônica está assim? Por que o Estado mais preservado da região, e, mais precisamente, a cidade banhada pelos grandes rios Negro e Amazonas, reage dessa forma?
Levo comigo a convicção de que precisamos saber mais sobre isso. Tenho lido e relido todas as cartas, dos governos locais (prefeituras), estaduais e federal, com as reivindicações brasileiras à conferência.
Sabemos, de antemão, que os esforços diplomáticos para a tomada de decisões taxativas fracassaram, mas, ainda assim, entendo que minha missão é transmitir ao máximo de participantes esse grito de alerta: nem mesmo a região mais preservada está a salvo dos danos causados pelas mudanças climáticas globais.
Levo também foto, links e textos relativos à mortandade de peixes. Entendo que a fumaça e os peixes mortos acabam nos ajudando no pleito principal do Amazonas. Precisamos tirar de Copenhague ajuda para pesquisa científica. Todos esses fenômenos precisam ser estudados e combatidos nas raízes técnicas e culturais. E os recursos para isso podem vir justamente do pagamento de royalties pela floresta em pé, que tanto almejamos.
Dizem-me que fui escolhida, entre outras coisas, por conseguir me comunicar bem em inglês e francês, mas o irônico é que, passados tantos séculos da existência do Brasil como Nação, seja novamente um sinal de fumaça, lembrando o ancestral legado indígena, que traga ao mundo o aviso primordial: ajudem-nos porque o tempo para manter o equilíbrio ecológico está acabando.
Rebecca Garcia
Artigo publicado no jornal Diário do Amazonas
7 de dezembro de 2009
segunda-feira, dezembro 07, 2009
Sinal de fumaça para Copenhague
A fumaça tão densa que nos dá a impressão de poder cortá-la com um terçado, não me sai da cabeça – nem dos pulmões –, no momento em que arrumo as malas para representar o Congresso Nacional em Copenhague. Muitos me indagam se, transformada do fenômeno do começo das manhãs numa companheira incômoda do dia inteiro, em Manaus, ela não vai atrapalhar a representação amazonense, amazônica, nessa conferência internacional do clima. Em minha opinião, não vai não.