O Governo do Amazonas, por meio do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, vai intensificar as ações de combate à doença. No próximo domingo (31), data estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Dia Mundial de Combate à Hanseníase, Manaus e interior realizarão campanhas educativas junto à população alertando para os principais sintomas e formas de tratamento. Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, Emilia Pereira, a ação será concentrada no Parque dos Bilhares (situado entre as avenidas Constantino Nery e Djalma Batista), às 16h. “Todo o município e Estado estarão recebendo material informativo. Igrejas Católicas também abordarão o tema durante seus sermões”, complementou a coordenadora.
Nos últimos nove anos, o Amazonas registrou queda acentuada no número de pessoas infectadas. Em 1989, de cada 100 mil habitantes, 69,46 estavam infectados pelo bacilo Mycobacterium leprae. No ano de 2008, a quantidade de pessoas infectadas reduziu para 22,81 a cada 100 mil habitantes. Mesmo com indicativos de significativa redução na região Norte, a doença milenar ainda preocupa os profissionais da saúde pública devido ao seu aspecto estigmatizante e incapacitante. Neste sentido, um dos principais objetivos do Programa Estadual de Controle é chamar a atenção para o diagnóstico precoce e conscientização da população.
“A hanseníase é capaz de causar danos aos nervos levando a quadros de dor intensa, perda da sensibilidade que favorece o surgimento de ferimentos e que podem tornar-se infectados, perda de força muscular gerando dificuldades de movimentação de mãos, pés e olhos”, esclareceu Valderiza Pedrosa, gerente de epidemiologia da Fundação Alfredo da Matta - instituição que coordena o programa de controle estadual e é referência nas pesquisas e tratamento da hanseníase na região Amazônica. Estes danos, continua Valderiza, “interferem na qualidade de vida do indivíduo, com repercussões na vida pessoal, familiar, social e profissional”.
A contaminação do bacilo se dá por meio da respiração. Contudo, diferentemente da tuberculose ou outras doenças, é preciso contato prolongado entre as pessoas. O período de incubação do bacilo pode variar de 2 a 5 anos. Por isso a importância do diagnóstico precoce, alertam especialistas. “Alguns aspectos ainda precisam ser estudados, não há nada que comprove que é transmitida por meio de animais. Mas sabemos que há uma relação com aglomerações de pessoas, daí a relação de maior incidência nas classes menos favorecidas que concentram mais pessoas”, observou Valderiza.
Preocupação com menores de 15 anos - Até a década de 80, o Amazonas era o primeiro Estado da Federação em número de casos. Hoje, está em décimo sexto lugar. Contudo, umas das principais preocupações dos profissionais da saúde pública é a incidência em menores de 15 anos, onde o coeficiente é de 5,28 casos novos por 100 mil habitantes. A determinação normativa da Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde é de menos de 01 caso para 100 mil habitantes.
“Pelos dados, pode-se deduzir que há grande necessidade de sensibilizar a população para realização de exame de pele, que pode ser feito gratuitamente em toda rede básica de saúde do Estado. As pessoas que tenham manchas na pele com dormência ou que custam a sumir, ou ainda que apresentem caroços devem ficar atentas e procurar assistência médica. Com o diagnóstico rápido e correto, a Hanseníase tem cura”, salientou a coordenadora.
É conhecido entre profissionais da saúde que a hanseníase tende a ser mais prevalente em maiores de 15 anos. No entanto, quando a transmissão é intensa, aumenta a probabilidade das crianças adoecerem. Por esta razão, casos entre pessoas menores de 15 anos é o melhor indicador de transmissibilidade recente. Portanto, quanto maior a detecção em crianças, maior é a gravidade da doença.
A redução de casos em menores de 15 anos é uma prioridade do Ministério da Saúde, uma vez que estes casos tem uma relação com doenças recentes e focos de transmissão ativos, por isso seu acompanhamento é relevante para o controle da hanseníase. O Programa Nacional de Controle à Hanseníase estabeleceu a meta de redução do coeficiente de detecção de casos novos em menores de 15 anos de 10% no País, até o ano de 2011.
Ação na capital e interior - Desde novembro do ano passado, a Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Fundação Alfredo da Matta, vem coordenando ações educativas de combate à hanseníase tanto na capital como no interior do Amazonas. Na prática, foram produzidos materiais informativos sobre os principais sintomas, formas de infecção e locais de tratamento. Além disso, diversos ônibus que circulam pelas regiões Leste e Norte de Manaus foram equipados com mensagens chamando atenção para a importância do diagnóstico precoce e tratamento da doença.
Como é feito o tratamento - Atualmente, não existe mais a necessidade de isolar o paciente contaminado pelo bacilo. A medicação é passada via oral, conhecidas como poliquimioterapia, durante 6 a 12 meses. O paciente é acompanhado nos serviços de saúde com consultas mensais. Há uma vigilância ativa para detectar sinais precoces de comprometimento neural e dos chamados estados reacionais. Também especial atenção é dada para a prevenção de incapacidades, com orientações aos pacientes sobre os cuidados que devem ter com as áreas do seu corpo atingidas pela doença. Para maiores informações, os telefones de contato do Programa Estadual de Controle à Hanseníase são 3212-8349, 3212-8352, 3212-8350.
Lar para hansenianos - De acordo com a Superintendência de Habitação e Assuntos Fundiários (Suhab), há um projeto habitacional financiado pelos governos Estadual e Federal que prevê a construção de pavilhões para beneficiar portadores do bacilo de hansen. Atualmente, os hansenianos vivem em situação precária em pavilhões antigos construídos em 1942, quando a Presidência da República criou, em todo o Brasil, 33 colônias de hansenianos. Em Manaus, foram construídos 23 pavilhões com 14 moradias para abrigo dos doentes onde residem até hoje.
O Lar dos Hansenianos, orçado em R$ 3,2 milhões, sendo R$ 1,2 milhões do Governo Estadual e o restante financiado pela CEF - é composto de doze pavilhões com oito moradias cada, sendo que os imóveis terão 36 metros quadrados de área construída com sala, quarto, cozinha, banheiro e área de serviço. Cada pavilhão contará com uma praça interna arborizada e mobiliada além de uma pequena sala destinada à assistência médica e social aos hansenianos. Conforme o engenheiro Sidney Robertson, diretor-presidente da Suhab, o projeto mantém a privacidade dos
moradores ao mesmo tempo em que não os isola do convívio social já mantido atualmente.
Para elaborar o projeto, os engenheiros contratados pela Suhab adotaram o conceito de vila com a intenção de criar um espaço onde os moradores pudessem relacionar-se mutuamente. As ações habitacionais, em prol dos hansenianos, começaram em 2003, quando o Governo do Amazonas entregou o Conjunto Amine Lindoso também na ColôniaAntônio Aleixo. Inicialmente, foram 73 imóveis entregues a portadores de hanseníase e suas famílias. Ano passado, o Governador Eduardo Braga, juntamente com o Presidente Lula, entregou dois pavilhões do Lar Azamor Gonçalves Pinheiro. Cada um é composto por oito apartamentos, entregues com toda a mobília. Para este ano, a Suhab informa que mais três pavilhões serão entregues ainda no primeiro trimestre. O nome dos pavilhões ainda está sendo escolhido pelo Governo do Estado e moradores do bairro.
27 de janeiro de 2010
quarta-feira, janeiro 27, 2010
Amazonas intensifica ações de combate à hanseníase
Fonte: Agecom/ Governo do Amazonas