COMENTÁRIO
LEIA O ARTIGO PUBLICADO NA FOLHA DE SÃO PAULO NESTA TERÇA-FEIRA (29.01), DE AUTORIA DO ARTICULISTA JÂNIO DE FREITAS. E MAIS ABAIXO, MATÉRIA DO MESMO JORNAL EVIDENCIANDO A FALA DO PREZADO JORNALISTA.
É IMPORTANTE QUE FAÇAMOS UMA REFLEXÃO NESTE MOMENTO EM QUE VIVE O PAÍS. QUAL É O PREÇO DO DESENVOLVIMENTO? CRESCER SIM, MAS PARA QUAL SENTIDO? PARA CIMA OU PARA BAIXO? ENQUANTO NOSSAS TRÊS AMIGAS NAÇÕES DO CHAMADO RIC (Rússia,Índia e China) MELHORAM SIGNIFICATIVAMENTE SUA FORÇA PRODUTIVA, SUA OFERTA DE TRABALHO E O SEU PARQUE INDUSTRIAL, CONTRIBUEM SOBREMANEIRA PARA A DEVASTAÇÃO DE SEU RESQUÍCIO EXTRATO ARBÓREO, SUAS FLORESTAS CONSUMIDAS PELA FAMIGERADA DESTRUIÇÃO HUMANA.
SERÁ QUE É ESTE O CRESCIMENTO QUE QUEREMOS PARA NOSSO PAÍS? QUEM IRÁ PAGAR A CONTA? GERAÇÕES FUTURAS.SEU FILHO, MEU ETC..
Os desmatadores aliados
A posição de Lula em relação ao desmatamento sujeita-se ao interesse dos "partidos da base" e, sobretudo, do PMDB
CHAMADO DE mentiroso em jornais de importância internacional, por ter desmentida pelo próprio governo a sua proclamação de êxitos na redução do desmatamento amazônico, Lula continua driblando o tema, o que reflete em público a posição voltada para dentro do governo. A determinação crítica à ministra Marina Silva, por acusar os agropecuaristas, foi seu pronunciamento mais incisivo até agora: "Não é hora de acusar ninguém", frase que só não é inacreditável por ser de quem é. Por que não seria hora?No "Café com o Presidente" de ontem, Lula preferiu voltar a perder tempo com a bobice de que "tem gente que torce pro Brasil andá pra trás", em alusão aos oposicionistas. Na reunião ministerial, com sua típica explosão demográfica, Lula desperdiçou o tempo com a tolice de que "ficamos [lá eles] cinco anos juntos, sentamos nesta mesa, mas depois passamos um ano sem conversar entre nós.
Penso que entre vocês existe pouca conversa política, que meses e meses vocês não conversam entre si". O "passamos um ano" é de responsabilidade pessoal do próprio Lula, que passa meses sem chamar um ministro a despacho. E da falta de conversa entre ministros, quase fica a insinuação de que a Abin os ouve sempre, porque Lula não teria como saber quem conversa com quem. Mas, no "Café", como no blablablá com os ministros, o que lhe interessava era só a exibição marqueteira.A determinação de que "não é hora de acusar ninguém", clara proteção aos grandes desmatadores, e a fuga ao tema do desmatamento têm pouco ou nada a ver com o problema que os motiva. Completam-se em sua razão deprimente: até em relação ao desmatamento a posição de Lula sujeita-se ao interesse dos "partidos da base" e, no caso, sobretudo ao interesse das relações estaduais do sempre comprometido PMDB.
"Não é hora de acusar" os grandes desmatadores porque, ou são parte dos governos e esquemas partidários no Mato Grosso, no Pará, Amazonas, Rondônia, ou são financiadores políticos.O tom de surpresa que o governo quis dar aos dados do desmatamento feito em 2007 é inverdadeiro. Desde meados do ano passado o alerta para a reaceleração do desmatamento, em proporções irreversíveis, estava dado na Amazônia, com indicação mais importante por parte do representante do Greenpeace por lá, Paulo Adário, que faz trabalhos muito respeitados. Os alertas foram até publicados. E logo depois o Ministério do Meio Ambiente dava sinais de conhecer o retorno feroz do desmatamento, e considerar medidas para reprimi-lo. Só na Presidência ninguém sequer leu jornais. Melhor assim: fica mais fácil proteger os desmatadores aliados, sejam diretos ou indiretos.
Governo controla 81% das cidades líderes no desmate
Prefeitos de partidos aliados de Lula são 29, oposição tem 5 e 2 são dos "nanicos'PR, sigla de Maggi, controla um quarto das prefeituras; deputado líder da legenda diz que problema está fora da alçada do poder local
Prefeitos de partidos aliados de Lula são 29, oposição tem 5 e 2 são dos "nanicos'PR, sigla de Maggi, controla um quarto das prefeituras; deputado líder da legenda diz que problema está fora da alçada do poder local
O PR, partido cujo presidente de honra é o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, controla um quarto das 36 cidades apontadas na semana passada pelo Ministério do Meio Ambiente como as campeãs do desmatamento amazônico.O PT, partido da ministra Marina Silva, vem em segundo lugar, ao lado do PMDB, com cinco cidades, cada, na "lista suja" do governo.O mapa dos municípios que mais desmatam mostra uma folgada maioria de prefeituras controladas por partidos da base do governo. São 29, enquanto três partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) têm juntas cinco prefeituras. As outras duas são de legendas "nanicas" sem representação no Congresso Nacional, o PRP e o PSL.Empresário que é apontado como "rei da soja", Maggi migrou no início do ano passado do PPS para o PR, com o objetivo de receber melhor tratamento do governo. Junto, levou cerca de 30 prefeitos, que seguem cegamente sua orientação política. Dos nove prefeitos do partido na lista dos desmatadores, oito são mato-grossenses e um é do Pará."Isso [desmatamento] não faz parte da orientação do PR. Inclusive temos um item no nosso programa que apóia integralmente a preservação ambiental", disse Luciano Castro (RR), líder do partido na Câmara dos Deputados.
Castro diz que o poder que os municípios têm para interferir no desmatamento é limitado, em comparação com os governos estaduais e federal. "A vinculação com as prefeituras me parece fora de foco. Acredito que a maior área desmatada seja privada, que está sobre o controle do Ibama e por isso os prefeitos não têm controle", afirma o representante do PR.
Mas, como lembra o secretário nacional de meio ambiente do PT, deputado Fernando Ferro (PE), os prefeitos podem agir como "agentes de identificação do problema"."Nós precisamos começar um processo de sensibilização com os prefeitos sobre a gravidade da situação. Em primeiro lugar, obviamente, procurando os prefeitos do nosso próprio partido", afirma Ferro. Mas ele nega que haja um desconforto político especial para o partido. "O desconforto é para o país como um todo".Alguns dos prefeitos fazem coro com o Ministério da Agricultura e negam que a expansão desmedida da pecuária seja a causadora do aumento da área desmatada na Amazônia.O prefeito de Santana do Araguaia (PA), Antônio Carveli Filho (PPS), por exemplo, aponta o dedo para os cerca de 5.000 assentados do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no município."O próprio governo federal criou esse problema. Os colonos tocam fogo para fazer suas lavouras e nós não podemos fazer nada. Se a gente for lá, leva porrada", diz o prefeito da cidade paraense.