31 de maio de 2008

Lula diz que não admite interferência de poluidores no Brasil

Após ter alertado ao mundo que a Amazônia brasileira tem dono, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que não admite a interferência de países poluidores na questão ambiental brasileira.

Durante encerramento de fórum com governadores da Amazônia, em Belém, o presidente disse que grande parcela da sociedade brasileira tem consciência ambiental, e citou a queda no desmatamento da Amazônia nos últimos anos e a política de biocombustíveis como exemplos da preservação ambiental no país.

"Nós não admitimos que quem não cuidou de suas florestas, quem não preservou e desmatou tudo, e é responsável pela maioria dos gases do efeito estufa emitidos no ar, dê palpite no Brasil. Pelo amor de Deus, deixem que nós cuidamos das nossas coisas aqui", disse o presidente, em entrevista coletiva, depois da reunião com governadores de Amazonas, Pará, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso.

Na segunda-feira, durante discurso no Rio de Janeiro, o presidente afirmou que achava "engraçado" que os países que mais poluem o mundo queriam falar sobre a preservação da Amazônia, ressaltando "que a Amazônia tem dono e é o povo brasileiro".

Oportunidade - O presidente, entretanto, fez um alerta sobre o desmatamento promovido por agropecuaristas. O Mato Grosso, Estado de maior produção de soja do país, tinha 19 cidades entre as 36 que mais desmataram a Amazônia nos cinco últimos meses de 2007, de acordo com o último relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Na próxima semana, o Inpe deve divulgar novos dados do desflorestamento, e, de acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, houve mais uma vez aumento na derrubada de árvores do Estado.

"Se agente não tiver cuidado, daqui a pouco tem um movimento internacional para não comprar produtos do Brasil, e isso será muito prejudicial", disse o presidente.

"Um país que tem a quantidade de terras que tem o Brasil, um país que tem a quantidade de pasto degradado que pode ser recuperado que tem o Brasil, não tem porque pensar em derrubar um pé de caatinga nesse país para plantar alguma coisa."

Lula, que na próxima semana participa de uma cúpula da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em Roma, disse ainda que a atual crise global de alta dos preços dos alimentos significa uma oportunidade de crescimento para o Brasil.

Segundo presidente, a alta dos preços acontece por dois fatores: o maior número de pessoas no mundo com acesso à comida e o alto preço do petróleo. Nesta sexta-feira, o barril da commoditie fechou a 127,38 dólares.

"O Brasil não vê isso como um problema, o Brasil vê isso como um desafio. Nós temos que produzir mais alimento. Acho que o Brasil tem condições de suprir parte das necessidades que o mundo tem de alimentos", afirmou Lula.

Fonte: Reuters/Brasil Online