O jornalismo é uma atividade profissional que sempre me encantou e continua me encantando. O simples fato de ligar um aparelho de TV e assistir um noticiário é uma prova incontestável da importância que o jornalismo desempenha em nossas vidas.
Posso afirmar, com total segurança, que o encanto do jornalismo nunca desaparecerá para mim. A certeza que tenho se deve ao fato de uma matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, no último fim de semana, em que sou citada como uma das pré-candidatas a prefeitura com maior número de ausências nas sessões plenárias da Câmara dos Deputados.
Acho que o jornal está correto. É um exemplo de jornalismo que cumpre uma função social importante, fiscalizando os poderes constituídos e informando a sociedade sobre a realidade. Os números apresentados pelo jornal, pelo menos no que diz respeito ao meu mandato, estão corretos. Nada a contestar.
Porém, há uma questão também importante a ser considerada, que foge a nossa vontade. Este ano tive problemas de saúde que me obrigaram a tratamentos especializados e que me afastaram das funções legislativas. Estou com cálculo renal e minhas ausências estão plenamente justificadas. Mesmo assim, não condeno a matéria e nem a critico. Acho que o jornal cumpriu a sua obrigação para com a sociedade, cabendo a mim, explicar e justificar o motivo da minha ausência. É a essência da democracia.
Desde quando senti o primeiro sintoma da doença, pensei em comunicar o fato à imprensa, já prevendo que teria de me ausentar do Plenário. Porém, considerei naquela ocasião que a doença era uma questão de foro íntimo, a ser compartilhada apenas com amigos e familiares. Foi uma dúvida que me atormentou naquela ocasião e que continua a me perturbar. Não sei se seria correto. Se dissesse, teria evitado especulações sobre minha ausência, ao mesmo tempo que provocaria especulações desagradáveis sobre o mal que me aflige, com certeza.
É uma das inúmeras dúvidas que atormentam as mentes de parlamentares brasileiros. Silenciar e ser punido ou calar e ser sentenciado. Não há como escapar. O agente político brasileiro é um ser frágil, que pode ser facilmente questionado.
É importante que a imprensa investigue e informe à sociedade sobre a realidade legislativa brasileira. Nós, políticos, temos que trabalhar com a nossa fragilidade, provocada por crises e mais crises morais e éticas que abalaram nossa credibilidade perante a população.
Porém, minha ausência do Plenário da Câmara dos Deputados, em uma única vez sequer, ocorreu por conta de minha pré-candidatura à prefeitura de Manaus. Faltei sessões pelo motivo acima citado e também por estar em missão oficial, representando a Câmara seja no exterior ou em outras regiões brasileiras. Recentemente, fiquei uma semana ausente de Brasília para representar a Câmara em uma reunião da Comissão de Ciência e Tecnologia. É apenas um dos vários casos em que trabalhei toda a semana e não compareci ao Plenário.
Reitero que não questiono a matéria do jornal paulista. Está correta na essência e conteúdo e exerce sua função social inquestionável. Porém, é preciso destacar que ela me obriga a uma explicação à população brasileira, principalmente àqueles que me honraram com seus votos, para que eu pudesse exercer o mandato de Deputada Federal. Louvo a democracia por isso. O jornal acabou provocando um fato importante, em que o político se vê obrigado a se explicar, mesmo que a explicação seja a mais desagradável, como é o caso de uma doença.
O jornal está certo, porém...
15 de maio de 2008
quinta-feira, maio 15, 2008