Pronunciamento feito pela Deputada Federal, Rebecca Garcia, do Partido Progressista (PP) do Amazonas, no Plenário do Senado Federal, dia 11 de junho de 2008, durante solenidade em homenagem ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
Senhor Presidente,
Senhoras e Senhores Parlamentares,
Um grande cacique norte-americano já havia alertado o mundo para a importância da preservação da natureza. Intimidado pelo governo a ceder mais terras de sua reserva, o chefe Seattle alertou: “O que ocorrer com a Terra recairá sobre os filhos da Terra. Há uma ligação em tudo”. Um chefe indígena, considerado “selvagem” por nós, civilizados, nos ensinou com a sabedoria de quem vive pensando em 10 gerações futuras. A sabedoria de quem vive da natureza e pela natureza. A sabedoria que, paradoxalmente, não entra na alma e nos corações dos povos civilizados. Infelizmente.
Sua lição caiu no esquecimento. Foram precisos muitos e muitos anos para que a conscientização da humanidade começasse a emergir do nada. Graças a dias comemorativos, como o que estamos celebrando, a preocupação com a conservação do planeta vem se acentuando, ganhando força suficiente para que ocorram as transformações necessárias e urgentes. Urgentes, porque a humanidade está há séculos atrasada, quando levamos em consideração que foi só em 1972 que a Declaração sobre o Ambiente Humano foi estabelecida, em Estocolmo.
Senhor Presidente, este foi o ponto de partida para a conscientização da humanidade. A partir daí, vieram outros encontros importantíssimos, como o Rio 92, o de Johanesburgo e o Rio +10. A ação contínua de ambientalistas, somada a iniciativa de lideranças políticas, fez com que parte da sociedade acordasse para a realidade. Mas, foram datas, como a que comemoramos hoje, que provocaram a evolução da conscientização pela preservação dos recursos naturais e, conseqüentemente, pela vida futura no planeta.
A sociedade evolui, sim. É um fato fácil de ser constatado. Mas, não evolui de forma ideal. Ainda há muito que fazer neste sentido e precisamos continuar falando em preservação da natureza, para impedir que o nível de consciência popular retroceda. A evolução é gradual e constante. Lamentável é que ela ocorra em confronto com a lentidão dos governos e com a pressa com que as atividades econômicas se lançam sobre a natureza. Hoje, eu até diria, a sociedade está como nós, assistindo, estarrecida, o crescimento da devastação, enquanto os governos não agem, enquanto os detratores da natureza aceleram seus passos e suas ações.
Existem no Brasil, Senhoras e Senhores, inúmeros projetos ambientais parados em gavetas de Ministérios. As discussões são, literalmente, intermináveis. Quando alguém apresenta um projeto para ser executado, logo ele é abortado. Volta para a mesa de discussões e o País fica órfão de uma legislação eficiente, que proteja o meio ambiente e permita o desenvolvimento sustentável.
Os planos não são executados porque sempre são apresentados sob a ótica de apenas um dos vários segmentos interessados na questão. O pior é que todos querem ganhar. Ninguém fala em ceder, em doar parte de seus interesses, para que o planeta seja o grande vitorioso. Aliás, para que a humanidade – inclusive as partes litigantes – seja a grande vitoriosa. O fato, no entanto, é os infratores são muito mais ágeis que os governantes.
O Brasil é detentor de grande parte do território da Floresta Amazônica, possui a maioria das reservas de água doce do mundo, tem uma biodiversidade inacreditável, além de outros fatores que o torna protagonista quando o assunto é meio ambiente. Está na hora deste país parar de ser coadjuvante neste debate e tomar frente desta discussão. Temos tudo para sair na frente, só nos falta ousadia e determinar o assunto como prioridade na agenda pública.
Precisamos continuar fazendo a nossa parte e manter acesa a chama da preservação ambiental no seio da sociedade. A educação ambiental surge como o grande instrumento de conscientização, capaz de alterar padrões de comportamento do ser humano em relação à natureza. Precisamos continuar investindo no comportamento individual, como se estivéssemos plantando uma semente capaz de florescer uma atitude coletiva. Atitude concreta e eficiente, de luta e de cobrança, de consciência e de responsabilidade. A educação ambiental é o caminho que vejo para cobrarmos agilidade dos governos e exigirmos mais parcerias com as atividades econômicas.
Irei finalizar o meu discurso com um poema escrito por Regina Eenas Martins sobre a Amazônia:“Em meio ao seu verde, o fogo arde queimando o nosso pulmão. Os pássaros perdem seus galhos, em desespero voam sem rumo na imensidão. Os animais correm em círculos, perdidos na fumaça da morte certa. Os gritos das aves, dos animais, das plantas… Não são ouvidas pelos homens do poder sem visão… Que não reconhecem o ciclo da natureza que tenta em desespero… Limpar o ar que sujamos com nossos carros, nossas indústrias… Quebrando o ciclo da água, reduzindo as chuvas… Até chegar as grandes cidades, nos nossos campos que na seca matarão os gados… A abundancia das frutas brasileiras desaparecerão das nossas mesas. Haverá dor naqueles que por muitas vezes jogaram as frutas no lixo… E lágrimas rolarão sobre os olhos daqueles que a colhiam para comer… Sentindo-nos impotentes, perguntaremos a nós mesmos: O que fizemos com a nossa Amazônia? O que não fizemos por ela.”
Muito obrigada!