Coréia, Japão e Suécia devem ajudar a financiar fundo, que já recebeu recursos da Noruega
Mesmo com a crise econômica internacional, Coréia, Japão e Suécia teriam interesse em investir no recém-criado Fundo da Amazônia, afirmou ontem o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, após participar do 3º Fórum Internacional de Meio Ambiente Brasil-Japão, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio. Para ele, a doação ao fundo significa fazer “um seguro de vida planetário”, e isso “independe do humor do mercado”.
Minc disse acreditar que esses três países, além de Alemanha e Suíça, que já manifestaram interesse em investir na preservação da Amazônia, aguardam a primeira reunião, no dia 24 deste mês, também na sede do banco, que definirá qual será a prioridade do primeiro ano do fundo. As alternativas são investir em produtos florestais, recuperação de áreas degradadas ou manejo.
A Noruega foi o primeiro país a aderir ao fundo com uma doação de US$ 1 bilhão até 2015. No mês passado já foram depositados US$ 20 milhões. Outros U$ 120 milhões serão transferidos nos próximos 12 meses. O restante será entregue entre 2010 e 2015, mas só se forem comprovados os resultados da política brasileira de redução do desmatamento da região.
No anúncio oficial da doação, com a presença do primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, Minc declarou que “hoje o governo fecha uma serraria em uma hora, mas não gera 50 empregos sustentáveis em uma hora. Sem recursos, a guerra contra o desmatamento não prosperará”.
Sem ingerência - Os países que investirem no fundo não terão nenhuma ingerência sobre de que modo os recursos serão empregados. “O fundo é totalmente autônomo por uma decisão do presidente Lula. Por isso demorou dois anos para sair”, afirmou Minc.
O conselho de gestão é formado apenas por brasileiros: um terço para o governo da Amazônia, um terço para o governo federal e um terço para a sociedade civil.
Acompanhamento Online - Além da garantia de que a União não poderá sacar o dinheiro se as taxas de desmatamento não forem reduzidas, os investidores também querem como contrapartida a possibilidade de poder acompanhar em tempo real o que está sendo feito com os recursos doados.
Um site, que será montado pelo BNDES, vai mostrar quantos projetos sustentáveis estão sendo financiados pelo fundo, quantos empregos estão sendo criados, quantos hectares de floresta estão sendo preservados e quanto está sendo monitorado e fiscalizado.
O limite do que o fundo poderá captar é calculado anualmente, de acordo com quantas toneladas de carbono deixaram de ser emitidas. Segundo esse cálculo, o teto vigente para 2008 é de US$ 1 bilhão. Em agosto, 756 km² da Amazônia Legal foram devastados, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), contra os 323 km² em julho. O crescimento do desmate, portanto, foi de 134%.
Fonte: O Estado de S.Paulo