19 de outubro de 2008

Ministro discute extrativismo na Amazônia

O ministro Mangabeira Unger reuniu-se ontem (17), em Belém, no Museu Emílio Goeldi, com lideranças extrativistas, entidades da sociedade civil, órgãos de governo e pesquisadores, para discutir uma proposta de soerguimento do extrativismo na Amazônia. Reafirmou que considera a Amazônia um lugar privilegiado para repensar o Brasil, e que o extrativismo acumula experiências e história para alavancar um ciclo de desenvolvimento sustentável na região.

Para o ministro, o extrativismo tradicional convive com subsídios de um lado e sanções de outro, sendo necessário superar o atual nível artesanal da atividade, a partir de três componentes: Ciência e Tecnologia (C&T), economia de escala e desenho institucional - este a ser implementado entre o poder público (governos), o setor empresarial e as populações tradicionais.

Como processo, avalia que é necessário aprofundar o ideário na abordagem do soerguimento que propõe, construir iniciativas práticas exemplares e viabilizar uma dinâmica produtiva do extrativismo, com ênfase em duas vertentes: conexão da pulverização do extrativismo desenvolvido pelas populações tradicionais, com a economia de escala, e estímulo a iniciativas de grande escala, apoiadas pelo Estado, a exemplo da fábrica de preservativos de borracha natural, do Acre.

O ponto de partida dessa estratégia, segundo o ministro, exige uma inversão da lógica até agora adotada pelos que vêm enfrentando esse desafio, fundamentada no encontro das práticas tradicionais com C&T: 1. Organização do mercado, 2. Beneficiamento (agregação de valor) e 3. Financiamento.

Apoio - Mangabeira recebeu apoio de todas as entidades presentes, à sua proposta, e ouviu de lideranças, como Júlio Barbosa e Atanagildo de Deus (o "Gatão"), e assessores como Mary Allegretti e a professora Bertha Becker, que há territórios (27% da região) e recursos naturais para implementação da proposta de soerguimento, como resultado de um ideário da sociedade civil organizada (movimento social dos seringueiros), transformado em política pública.

No que concerne a iniciativas práticas exemplares, para alavancagem do processo de revitalização proposto, o ministro foi informado da experiência que Amigos da Terra-Amazônia Brasileira tem acumulada na área de apoio a negócios sustentáveis na região, e de que a entidade dispõe de um banco de dados organizado sobre mais de 400 pequenos empreendimentos florestais, disponível para subsidiar a iniciativa em discussão.

Fonte: Portal Amazônia