9 de novembro de 2008

Exemplo de manejo sustentável

Quando passamos por um campo assim, cheio de toras de madeiras cortadas, o pensamento que normalmente vem à cabeça é “olha lá, estão destruindo nossas matas”. Mas é preciso pensar bem antes de tirar qualquer conclusão. No município de Itacoatiara (270 km de Manaus), a Precious Woods Amazon, chamada de Mil Madeireira Itacoatiara, dá exemplo de como cortar a madeira de maneira sustentável, fazendo manejo florestal e provocando os menores danos possíveis à floresta. É a única empresa madeireira operando na Amazônia Brasileira que obteve certificação incondicional, dentro dos padrões do Conselho de Manejo Florestal (Forest Stewardship Council – FSC).
A Deputada Rebecca Garcia visitou a madeireira, que tem reconhecimento da organização não-governamental Greenpeace, para conhecer o método de manejo florestal utilizado pela empresa. Rebecca foi muito bem recebida pelos diretores da empresa, que explicaram o processo de trabalho a ela.

Manejo – Toda a área da empresa é mapeada e dividida por meio de um sistema de informações geográficas, onde se têm conhecimento de todas as árvores que estão no local. Da extensão do terreno, três áreas, próximas de rios, nascentes e igarapés, são de preservação absoluta permanente e as áreas de abate são dividas por produção anual.
Critérios de qualidade e tamanho determinam que árvores serão cortadas. Um dos grandes diferenciais da Mil é a maneira como o corte é feito. Com todos os equipamentos de segurança necessários, a equipe de corte prepara, primeiramente, a árvore e o local. Com técnicas especiais, eles direcionam a queda da árvore para que ela não prejudique nenhuma outra na hora em que cair. A forma garante um aproveitamento total das toras retiradas e natureza faz sua parte para repor aquela árvore. As potenciais árvores que estavam em volta e não podiam crescer, porque ela impedia a luz de chegar e tomava grande parte dos nutrientes do solo, vão ter condições de se desenvolver e substituir aquela árvore retirada do local.
A Mil Madeireira também desenvolveu uma tecnologia de “pré-arraste”, que reduz significativamente o transporte de máquinas pesadas na floresta, diminuindo o impacto ambiental. A técnica busca as toras cortadas dentro da floresta com um cabo de aço, que preso a uma máquina, vai levando a tora para fora da mata, sem prejudicar outras árvores. Depois que a tora chega às estradas, vem o trator com uma “pinça” que pega a tora e leva para o caminhão. Sem a técnica seria necessário abrir grandes clareiras na floresta para que as máquinas pudessem passar para pegar as toras em seus locais de origem.
Aproveitamento - Além de promover o manejo sustentável na hora de cortar as árvores, a Mil Madeireira utiliza os resíduos que sobram da serralheria para produzir na termoelétrica, por meio de biomassa, energia para 70% da cidade de Itacoatiara. “Antes da termelétrica, não sabíamos o que fazer com este resíduo. Além de ocupar espaço, toda essa matéria orgânica apodrecia, gerava chorume (líquido poluente originado de processos de decomposição de resíduos orgânicos, que ao penetrar o solo pode contaminar lençóis freáticos) e prejudicava o meio ambiente”, conta o diretor de sustentabilidade da empresa, Tim van Eldik.

Conhecendo esse sistema, a Deputada Rebecca se interessou em saber mais sobre as atividades madeireiras legais no Brasil. “A sociedade atual precisa utilizar madeira. Então é preciso que a gente analise qual é a melhor solução para que as necessidades da população sejam atendidas e a floresta permaneça conservada. O desenvolvimento e a preservação do meio ambiente têm caminhar lado a lado.”

Com a intenção de trazer o debate para a Câmara dos Deputados, a Deputada irá promover uma Audiência Pública na Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, na terça-feira (11), às 14 horas, para debater alterações na Lei de Crimes Ambientais relativas à destinação de madeira apreendida. “A falta de organização nas apreensões de madeiras ilegais é só um dos problemas que acontecem na luta contra o desmatamento. É muito importante trazermos o debate para a Comissão e analisarmos a legislação que trata do assunto, para que sejam tomadas devidas providências”, afirma Rebecca.