8 de novembro de 2008

Mulheres conquistam mais vagas

Número de trabalhadoras cresce, porém os salários continuam menores que os dos homens. Mesmo com bom rendimento e maior nível de escolaridade, a remuneração chega a ser 22% menor
As mulheres ganharam mais espaço no mercado de trabalho, mas seguem com salários mais baixos que os homens. De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), uma espécie de radiografia do emprego brasileiro, a participação do sexo feminino no mercado aumentou 7,5% e do masculino, 6,62%. O crescimento delas foi maior nas vagas de nível superior completo. Foram 394,3 mil postos, cifra 130% superior à preenchida por homens. Mesmo com o bom desempenho elas ainda são minoria no total de trabalhadores: 15,4 milhões contra 22,2 milhões de homens.

Além disso, as mulheres enfrentam uma dura realidade, ganham 22% a menos que os homens. Enquanto o rendimento médio deles é de R$ 1.548,51, o delas é de R$ 1.207,36. “Muitas empresas acabam demitindo homens e contratando mulheres para a mesma função, mas pagando bem menos”, disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Entre as mulheres de maior grau de escolaridade, o diferencial entre os salários masculinos e femininos foi de 56,5%, percentual alto, mas abaixo do verificado em 2007, de 57,2%. “Negros e mulheres ganham menos, mesmo que essa distância venha se diminuindo”, afirmou Cláudio Dedecca, economista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Vagas novas - De acordo com a Rais, foram criados 2,45 milhões de postos de trabalho no ano passado, 6,98% a mais que em 2006. Desse total, 2.074 milhões foram com carteira assinada, uma expansão de 7,49% (veja quadro), e 378,3 mil em regime estatutário, ou seja, no serviço público. Com esses acréscimos, o número de empregados com vínculo formal atingiu 37,6 milhões. Segundo Lupi, a expectativa é chegar a 40 milhões neste ano, dados que devem ser revelados na próxima divulgação do levantamento, em 2009.

Para Dedecca, os números propagandeados pelo ministro devem ser facilmente alcançados. O problema, explica, será o ano de 2009. “A dificuldade está na geração de emprego no próximo ano com a desaceleração prevista para o Produto Interno Bruto” (PIB), disse. Segundo o especialista, se o país conseguir abrir entre 1,5 milhão e 1,7 milhão de postos de trabalho no próximo ano estará de “bom tamanho”. “O emprego vai cair bem menos se o PIB ficar perto de 4%, mas se o crescimento for próximo de 2% será muito pior”, previu.

“A dificuldade está na geração de emprego no próximo ano com a desaceleração prevista para o Produto Interno Bruto” - Cláudio Dedecca, economista da Universidade Estadual de Campinas.

Fonte: Correio Braziliense