1 de dezembro de 2008

Casos de meninos acorrentados são relatados à Rebecca

Relatos dramáticos de casos de crianças e adolescentes dependentes químicos acorrentados pelos próprios pais dentro de suas casas – para evitar que fujam à procura de drogas - marcaram na sexta-feira (28) o encerramento da série de visitas que a deputada federal Rebecca Garcia (PP) fez durante a semana às sedes dos Conselhos Tutelares em Manaus.

A parlamentar ouviu um apelo de Nonato Aguiar, do Conselho Tutelar do São José, na Zona Leste, logo ao entrar no prédio da instituição. “Foi Deus que mandou a senhora”, disse. “Não suportamos mais tanto sofrimento. São mais de 15 mães que vêm aqui, todos os dias, desesperadas porque seus filhos estão entregues ao vício da droga. É preciso fazer alguma coisa.”

Nonato Aguiar afirmou que o Conselho Tutelar do qual é conselheiro, no São José, não tem estrutura mínima para resolver o problema das mães e de seus filhos. “Elas querem internar os filhos, mas tanto o Governo do Estado quanto a Prefeitura não possuem clínicas de reabilitação. O tratamento é caro e a gente fica sem saber o que fazer.”

De acordo com Nonato Aguiar, existem 15 casos de meninos acorrentados na área de jurisdição do Conselho. “Nós chegamos lá para evitar que eles fiquem aprisionados dentro de suas casas, mas não é simples. Muitos deles preferem ficar trancafiados, porque não querem mais dar tanta tristeza aos pais.”

Rebecca Garcia assegurou aos conselheiros tutelares do bairro de São José que vai participar da luta não só em defesa de tratamento para dependentes químicos, como também tirar um dia da semana para ficar na sede do Conselho Tutelar durante o horário de expediente (das 8 às 14h). “Quero acompanhar tudo, saber dos problemas que vocês enfrentam e do drama das pessoas que vêm aqui”, disse a parlamentar.

A equipe de assessores de Rebecca solicitou relatórios com estatísticas dos atendimentos nos Conselhos Tutelares do Aleixo, São José e da Cachoeirinha (Zona Sul), que registram, em média, 40 casos por dia, a maioria envolvendo violência física, abuso sexual, falta de creches, negligência, abandono, maus tratos, pedidos de pensão e adolescentes querendo o primeiro emprego. As reivindicações serão encaminhadas à Prefeitura.

Nas nove sedes dos Conselhos Tutelares visitadas por Rebecca Garcia desde segunda-feira, os problemas são semelhantes: falta de infra-estrutura e insumos. Em alguns casos, como no São José, as cadeiras são apenas restos do que sobrou. Na Cachoeirinha, não há portas de incêndio e as condições de trabalho são precárias. “É preciso oferecer condições de trabalho a essas pessoas, porque somente assim elas vão poder atender com mais eficiência as pessoas que precisam de atendimento e socorro”, disse a parlamentar.