3 de dezembro de 2008

Aids, um alerta permanente

Houve um tempo em que ser portador do vírus da Aids era como receber uma sentença de morte. Devastador, o HIV destruía o sistema imunológico do seu hospedeiro, levando-o ao óbito em pouco tempo. Hoje, em função da evolução no tratamento, com a aplicação do coquetel (combinação de medicamentos) é possível às pessoas infectadas viverem por mais tempo. Mas nunca é demais ficar atento, monitorar o poder de contaminação dessa doença e lançar campanhas educativas para evitar que milhares de pessoas continuem sendo infectadas em todo o País, por acreditarem que a Aids tenha deixado de ser uma ameaça.

Neste momento em que se comemora o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, é importante frisar que a doença deixou de ter grande espaço na mídia, como ocorria na década de 90, passando a ocupar cantos de páginas, enquanto as estimativas sobre o número de pessoas infectadas no mundo e no País sobem assustadoramente.

Basta visitar um hospital qualquer especializado no tratamento de soropositivos para se ter uma idéia do mal que nos cerca. A doença, ao contrário do que muita gente pensa, está avançando sem que se tomem as devidas providências para alertar a população sobre o perigo que as ronda diariamente. Hoje, não se tem mais um grupo de risco e sim comportamentos de risco, uma vez que, na medida em que se reduz o número de homossexuais infectados, sobe de forma alarmante o número de heterossexuais que não usam preservativos na relação sexual e de usuários de drogas injetáveis que compartilham seringas e agulhas.

No meu Estado, o Amazonas, por exemplo, são registrados 18,2 casos para cada 100 mil habitantes, superando a incidência da doença em estados vizinhos como Roraima, Rondônia, Amapá e Pará. A região Norte lidera a lista do aumento mais acentuado de casos de Aids no Brasil, entre 1980 e 2008. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Aids/DST, os índices de casos da doença nessa região subiram de 6,8 para 14, praticamente dobrando a incidência dos casos entre os anos 2000 e 2006.

Outro dado alarmante é que a taxa de incidência de Aids entre pessoas acima de 50 anos de idade dobrou entre 1996 e 2006, passando dos 7,5 casos por 100 mil habitantes para 15,7. Isso coincide com o advento de estimulantes sexuais masculinos como o Viagra. As pessoas dessa faixa etária são incentivadas a praticar mais sexo, porém enfrentam dificuldades em utilizar preservativos.

A doença também se alastra sobre o interior do Estado, afetando centenas de pessoas em municípios importantes como Parintins, Tabatinga, Itacoatiara, dentre outros.

Não podemos deixar de destacar nesta data, porém, os avanços do Brasil no tratamento da doença, o que assegura uma expectativa de vida maior aos portadores do HIV. Isso não nos impede de alertar a população sobre a importância de se tomar os cuidados necessários para se manter imune a essa moléstia para a qual, até hoje, a medicina ainda não encontrou a cura.