25 de maio de 2009

Artigo: O desafio da enchente

Sobrevoei, esta semana, ao lado de colegas integrantes da bancada federal do Amazonas e da ex-ministra do meio Ambiente e senadora, Marina Silva, a região que compreende os Municípios de Anamã e Manacapuru. É desolador. O rio toma conta de tudo. Foi instituído o Fórum Amazonense de Mudanças Climáticas, a partir do qual pretendemos entender o que está acontecendo, o que aconteceu em 1953 e o que vem por aí.

A Amazônia é um grande desafio para a ciência. Integrantes da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas do Congresso Nacional reuniram-se com pesquisadores e autoridades ambientais, na Assembléia Legislativa, para debater e aprender com os pesquisadores um pouco mais sobre as condições do clima e da temperatura do planeta, componentes chave nessa discussão sobre a cheia.

Como disse a senadora Marina Silva, "Precisamos ouvir o que os cientistas têm a dizer sobre o fenômeno. Eles já aconteciam? Estão sendo provocados por algum fator? Em qualquer processo decisório dessa natureza precisamos consultar esses especialistas para tomarmos conhecimento maior sobre a situação".

A senadora será, agora, uma porta-voz do problema enfrentado pelo Estado, pois viu de perto as conseqüências geradas pela cheia em alguns dos 51 municípios afetados. É preciso que haja sensibilidade para o que é prioridade. Quando as pessoas não vêem pessoalmente o problema fica difícil despertar nela esse sentimento de necessidade urgente de ajuda. Daí a importância da visita da senadora.

Os eixos de trabalho da Comissão, como explicou a senadora, são: mitigação, adaptação e enfrentamento da vulnerabilidade. O secretário executivo da Defesa Civil do Amazonas, Roberto Rocha, apresentou os números de cidadãos amazonenses afetados pela cheia: 325.097, com aproximadamente 9 mil já desabrigados.

Participaram da Audiência, ainda, o vice-presidente da Associação Amazonense dos Municípios e prefeito de Iranduba, Nonato Lopes, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), entre outras instituições locais.

Vamos continuar trabalhando para aliviar o sofrimento de nossa gente.

Prosamim - Abro um parênteses para registrar o papel do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim), em meio à atual enchente. Os números de pessoas afetadas na capital ainda são calamitosos. Segundo a Defesa Civil municipal são 4.124 famílias, num total de 16.617 pessoas atingidas.

Sem o Prosamim, a calamidade seria bem maior. É quase certo que as quase 8 mil famílias retiradas pelo programa estariam agora em situação de risco. E que os igarapés teriam invadido a vida da cidade.

Graças ao programa, os problemas estão restritos aos bairros Presidente Vargas, São Raimundo, São Jorge e Glória. E, como o Prosamim avança para esses bairros também, em breve Manaus terá melhores defesas contra o fenômeno da enchente.

Fica o exemplo para os governantes. É preciso atacar a questão estrutural. A natureza cobra um preço alto da falta de previdência, com prejuízo direto aos mais necessitados e arrancando enorme esforço do erário, que poderia ser poupado.

Rebecca Garcia
Artigo publicado no jornal Diário do Amazonas