Deputados federais e senadores vão começar a analisar a reforma política mas os primeiros itens já não encontram consenso entre eles.
A Câmara dos Deputados vai começar esta semana priorizando a reforma política. É um projeto polêmico, que não encontra consenso nem entre os parlamentares, mas precisa ser aprovada até o final de setembro, para que possa estar em vigor nas eleições do ano que vem. Como existem seis pontos principais na reforma política, os deputados decidiram votar a lei por partes.
É por isso que nesta quarta-feira (27) já deve ser votado um requerimento que pede que a matéria tramite em regime de urgência. A ideia, segundo os líderes partidários, é começar a votação da reforma ainda em junho, inclusive de seus pontos polêmicos, como o financiamento público de campanha e o voto em lista fechada, mesmo sem acordo entre os parlamentares.
O voto em lista fechada e o financiamento público das campanhas eleitorais são os itens que mais geram polêmica e divisões entre os deputados federais, assim como entre os congressistas do Amazonas.
PARLAMENTARES CONTRA
Deputado Átila Lins (PMDB) – “Não sou a favor porque acho que a lista fechada dá um poder muito grande para as cúpulas partidárias porque elas é que vão elaborar as listas. Mesmo a despeito de essa lista ser submetida à convenção, mas você já viu alguma convenção rejeitar nome de candidato? Não. A lista elaborada por eles (dirigentes dos partidos) é que vai prevalecer”.
Deputado Francisco Praciano (PT) - “Eu sou contra apesar de membros do meu partido terem posição favorável à lista. Academicamente é uma proposta interessante, entretanto nesse momento de escândalos e em que a população acredita na instituição, mas não acredita no político, eu acho que a lista fechada não é o que a sociedade quer, porque hoje ela quer escolher ou eliminar o parlamentar conforme as características e o comportamento dele. Se alguém está envolvido em caso de improbidade seriíssimo não vai passar pelo crivo do voto, portanto, a lista fechada tem a chance de esconder o comportamento com deficiência. O povo vai querer votar no próximo candidato. A lista vai eternizar cacique, vai deixar na mão de articulação interna do partido que tem comportamento que a sociedade não concorda, e acho que não é bom para a democracia. Há integrantes do partido que não querem que a reforma seja implementada ano que vem, mas em 2014 para que a população seja educada. Tirar opção de votar no candidato para votar no partido, é uma mudança muito radical”.
Senador Jefferson Praia (PDT) – “Eu sou contra porque, primeiro, entendo que temos que primeiro trabalhar os partidos, exercitarmos a democracia, mudarmos o contexto para que as pessoas possam ter seus espaços independente de caciques políticos porque hoje temos partido que são dirigidos por caciques. Como é que fica a situação das pessoas que estão entrando agora na política? A pessoa pode até entrar na lista, mas em que posição? Um jovem que não conhece ninguém, mas quer participar de eleição, como fica a oportunidade dessa pessoa sem influência nenhuma? Temos que trabalhar para termos eleições democráticas dentro dos partidos.
Hoje, temos a participação expressiva de determinados seguimentos que determinam os rumos do partido, portanto, temos que refletir bem sobre isso e não vejo grandes avanços nesse momento, mas deveríamos começar a trabalhar a questão da lista partidária para daqui um tempo os partidos estarem adequados para esse contexto”.
Deputada Rebecca Garcia (PP) – “Eu sou contra porque eu acho que atrapalha na questão da renovação. Eu acho que é importante que haja a oportunidade de se renovar. Nós sabemos que nosso eleitor está acostumado a votar no candidato e não no partido.
Quem encabeçaria a lista seria o parlamentar que já tivesse o mandato e para mim seria ótimo, mas dificultaria a renovação de candidatos. Eu não acho que o nosso modelo seja perfeito, mas para mudar teria que ser para melhor e acredito que a lista não será nesse sentido”.
PARLAMENTARES A FAVOR
Deputada Vanesssa Grazziotin (PCdoB) – “Eu sou a favor porque acho que só será possível aprovar o item do financiamento público da campanha junto com a lista fechada. Portanto, é preciso fortalecer o partido, porque o parlamentar se elege com um conjunto de ideias que ganham mais visibilidade. Assim, temos que garantir que o mandato seja do partido. A população terá mais segurança na hora do voto e quanto à postura de seu parlamentar”.
Deputado Lupércio Ramos – “Antes eu era contra, mas hoje sou a favor. Estou convencido de que o financiamento público de campanha não pode sair sem a lista fechada, ou seja, sem o controle do partido. Precisamos fazer a reforma para que os partidos sejam os detentores dos mandatos. Antes não acreditava na reforma, mas hoje eu vejo que o Congresso e o próprio país têm a necessidade da reforma política”.
Fonte: Amazonas em Tempo
Data: 25 de maio de 2009