A deputada Rebecca Garcia (PP-AM) promoveu, na terça-feira (16), uma audiência pública, na Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Cmads), para debater a redução de emissões de carbono pelo desmatamento e degradação ambiental por meio de mecanismos de pagamento e compensação ambiental. Participaram da discussão parlamentares autores de proposições que dispõem sobre o assunto, agentes públicos e representantes da sociedade civil.
“A compensação financeira aos pequenos produtores rurais e extrativistas pela manutenção da floresta em pé é uma das grandes saídas que temos nas mãos. As áreas de florestas são responsáveis por importantes serviços ambientais como produção de água, melhoria da qualidade do ar e proteção do solo. E nada mais justo do que compensar os responsáveis pela manutenção destes serviços”, afirma Rebecca.
Pagamento - De acordo com o ex-ministro da Fazenda, deputado Antônio Palocci (PT-SP), autor do Projeto de Lei 1190/07, o grande desafio é fazer o setor econômico se interessar pelo setor ambiental. Ele propôs a criação do Programa Bolsa Verde, a ser paga a agricultores familiares que ajudarem a preservar a floresta, a água, o solo e a biodiversidade. Ele citou o exemplo da bolsa-floresta, adotada pelo governo do Amazonas, como um modelo que poderia ser aplicado em nível federal.
Segundo o consultor do Ministério do Meio Ambiente Tasso de Azevedo o tema tem total acordo entre as partes do governo, os detalhes é que precisam ser acertados. "De onde vai sair o recurso? Do orçamento da União, dos estados ou dos municípios? Será que vamos ter de taxar alguma coisa?" Tasso também assinala que é necessário definir como vão funcionar alguns pontos, como o mecanismo de governança. "Quem vai definir quem pode ou não pode receber?"
Compensação – Cientistas também defendem a criação de um sistema compensatório por Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), que está sendo proposto como ferramenta de apoio ao novo acordo climático que vai substituir o Protocolo de Kyoto a partir de 2013.
No sistema REDD, proprietários de terras - inclusive agricultores, pecuaristas e madeireiros - receberiam incentivos financeiros para não desmatar, como pagamento pela manutenção do carbono que está estocado na vegetação e que seria emitido para a atmosfera caso a floresta fosse derrubada.
Segundo o consultor Tasso de Azevedo, promover as reduções de carbono por REDD tem um custo muito menor do que reduzir por outras formas. “Quando eles estiverem sendo implementados de fato e mostrarem que estão contribuindo para as reduções, terá uma tendência dos países desenvolvidos em incentivarem essa compensação por meio de incentivos financeiros”.
De acordo com a deputada Rebecca Garcia, é preciso insistir com a comunidade internacional na implementação dos mecanismos de REDD. Ela acredita que os países desenvolvidos precisam pagar pela preservação no Brasil. “Nós, do Amazonas, que temos 98% de floresta preservada, somos tratados como vilões na hora que precisamos desmatar para desenvolver. Qual é a solução? Ficarmos sem desenvolvimento? Temos que pagar por ter preservado? Não, temos que receber. Sou a favor da preservação ambiental, mas antes sou a favor da preservação do homem que mora na floresta, do caboclo que precisa comer e ter boas condições de sobrevivência”, afirma Rebecca.