10 de setembro de 2009

Sessão solene homenageia Dia da Amazônia

No dia 5 de setembro comemora-se o Dia da Amazônia. A deputada federal Rebecca Garcia participou, na quarta-feira (9), de sessão solene que celebrou a data. O foco do debate ocorrido no Senado Federal foi o grande desafio de desenvolver a Amazônia de forma sustentável, sem devastação. Senadores e deputados destacaram a necessidade da busca de tecnologias que permitam aliar a utilização dos recursos da floresta por seus habitantes à redução do desmatamento.

Estiveram presentes à solenidade senadores, deputados federais, a reitora da Universidade Estadual do Amazonas, Marilene Correa, Álvaro Tucano, representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) e os embaixadores da Suécia e de Portugal.




Pronunciamento feito pela Deputada Federal, Rebecca Garcia, do Partido Progressista (PP) do Amazonas, no Plenário do Senado Federal, no dia 09 de setembro de 2009, em comemoração a elevação do Amazonas à categoria de Província e ao Dia da Amazônia

Senhor presidente,

Senhoras e senhores deputadas e deputados,

O 5 de setembro é uma data nova, no calendário de comemorações cívicas brasileiro. Criado em 2007, em decreto de sua excelência o presidente Lula, como forma de homenagear a elevação do Amazonas à categoria de província, em 1850, por Dom Pedro II, a data é oportuna e merece esta lembrança do Congresso Nacional.

O Amazonas, cuja história dá origem a esta data, é o estado mais preservado da Amazônia, com 98% da Floresta Amazônica e 99% do manancial de água doce praticamente intocados. A floresta é motivo de graves discussões pelo mundo afora. Muitos prevêem, no futuro, uma guerra pela água doce. Na China, o famoso Rio Pó é bebido inteirinho, bem antes de chegar ao oceano.

Todos conhecem a importância da Amazônia e do Amazonas, nesse contexto, para a humanidade. Há fartura de dados, baseados em estudos científicos, e publicações de todos os matizes a respeito. O que vale enfatizar, num momento como esse, em que o país rende esta homenagem, é como conseguimos chegar à preservação desse manancial, no estado do Amazonas.

Os ecologistas já conseguiram desvendar a razão básica da poluição. O meio ambiente tem uma determinada capacidade de processar os dejetos humanos e nos lugares do mundo onde a população cresceu demasiadamente essa força natural se esgotou. No Amazonas, senhores e senhoras, o caboclo, o habitante do interior, sofreu muito para que a floresta e a água fossem preservados.

A população amazonense, hoje, segundo os censos e projeções do IBGE, é de apenas 3.221.939 habitantes. Manaus concentra quase tudo: indústrias, desenvolvimento e até população, com perto de 1 milhão 650 mil habitantes, ficando os outros 61 municípios amazonenses com os outros 2 milhões 570 mil habitantes.

Ora, num estado com mais de 1 milhão e 570 mil quilômetros quadrados, é fácil imaginar a solidão do caboclo, o homem que vive em contato direto com a natureza. Foi esse homem que, afastado de tudo, aprendeu a conviver com árvores, peixes e animais, retirando da natureza apenas o necessário para a própria sobrevivência.

Esse homem, o caboclo, não tem hospital, escola, vacina ou, sequer, um motor para cruzar os rios, sendo obrigado a fazê-lo no remo, em pequenas canoas, com as quais percorre a imensidão do rio Amazonas e seus afluentes.

Para ele, programas como o bolsa-família e o seguro-defeso, que oferece recursos para a subsistência dos pescadores na época do defeso - que atravessa os meses de dezembro a março – não existem. Ele raramente tem rádio e menos ainda TV, tampouco conta em banco, nem sabe o caminho das pedras para se inscrever nesses programas. O caboclo, na maioria das vezes está nas trevas do analfabetismo, não sabe escrever ou ler.

É esse homem, senhores e senhoras, que estamos homenageando, no momento em que comemoramos o dia da Amazônia. O caboclo puro, a mistura do branco com o índio, que se fixou no DNA do povo do Amazonas e de todos os estados da Amazônia.
Outro fator importante para a preservação da floresta foi a concentração da mão-de-obra amazonense e de parte dos estados vizinhos nas fábricas sem chaminé do Pólo Industrial de Manaus, o PIM.

De outra forma, essa força de trabalho estaria concentrada na exploração direta da floresta e dos rios, como se vê hoje nas margens do município de Manacapuru, nas proximidades de Manaus, onde a pesca está se tornando cada dia mais industrial e varre as águas mais profundas do Rio Solimões, em busca dos cardumes maiores e com maior valor na exportação.

Assim, quando defendemos as vantagens comparativas do Pólo Industrial de Manaus estamos defendendo também a Floresta Amazônica.

O Amazonas, senhores e senhoras, está se preparando para fazer da Copa do Mundo de 2014 uma grande vitrine brasileira da defesa da Amazônia. Sim, o estado mais verde do Brasil vai mostrar à imprensa e aos dirigentes internacionais, que vieram para aquele evento de grande magnitude, o quanto é importante desenvolver de forma sustentável essa parte do globo.

Preservar a Floresta Amazônica é uma missão da qual já mostramos que nos desincumbimos bem. O que queremos agora é que esse serviço à humanidade tenha a justa paga.

O Amazonas precisa de infraestrutura. A internet banda larga, por exemplo, ainda não chegou ao Amazonas. Os preços praticados pelas operadoras são uma vergonha nacional, bem acima de qualquer outro estado brasileiro, enquanto a velocidade, na maioria das vezes, fica abaixo daquela que existia no tempo da internet discada.

O acesso à rede internacional de computadores é uma grande brecha, um descaso do Brasil para com o Amazonas. Vale destacar que o Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, graças à organização e esforço do governo Eduardo Braga, começou a abrir as portas para financiar a recuperação ambiental no Amazonas.

Está em andamento, com recursos do BID, o programa social e ambiental dos igarapés de Manaus, Prosamim, que tem feito uma verdadeira revolução em Manaus, retirando palafitas das margens e saneando cursos d’água.

É pouco, ainda, porque o Amazonas precisa de mais, e com urgência, para conseguir recuperar o que já foi perdido em água doce, nos igarapés de Manaus, a maior parte dos quais está poluída.
O Amazonas é um estado que simboliza todos os demais da Amazônia. Território imenso, população pequena, desenvolvimento mínimo. A Amazônia é um patrimônio nacional, tanto no que concerne à Floresta Amazônica, quanto à água doce.

Viva o caboclo. Viva o índio. Um viva para os guardiões da floresta e da água. Viva o brasileiro, amazônida, amazonense, paraense, acreano, roraimense, rondoniense e amapaense. Viva o amazônida do Brasil.

Parabéns a todos, pelo 5 de setembro!

Muito obrigada!
Confira aqui a reportagem em áudio sobre o Dia da Amazônia: