Por mais de 10 km, é possível ver as águas escuras e transparentes do Rio Negro correr ao lado das águas barrentas do Rio Solimões no Amazonas. O 'encontro das águas', uma das atrações da Amazônia, deve se tornar em breve um bem tombado e protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A decisão será tomada em reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que será realizada nos dias 4 e 5 de novembro no Rio de Janeiro.
Na Bacia Amazônica, o encontro das águas é relativamente comum, segundo o Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização do Iphan. Ocorre sempre que um rio 'transparente' se encontra com outro, de águas escuras, como o Tapajós e o Amazonas, em Santarém, no Pará.
O encontro do Negro e do Solimões, porém, é avaliado como o maior encontro das águas do mundo, por conta do volume e da vazão - força e grandeza que podem ser vistas por mais de 10 quilômetros de distância, desde o ponto onde as águas se encontram até a diluição total entre as duas. "Os primeiros três quilômetros são marcados por uma linha quase rígida onde, à margem direita estão as águas claras e barrentas do Solimões e à esquerda, as escuras e transparentes do Rio Negro", descreve o Iphan.
Além da beleza do fenômeno, ele ocorre a poucos quilômetros de Manaus, onde se transforma em valor simbólico e num dos principais cartões postais do Estado do Amazonas e da cidade de Manaus
A proposta do Iphan é que tombamento do Encontro das Águas inclua uma pequena porção da Ilha do Xiborema (última ocorrência natural antes da junção dos rios Negro e Solimões), uma faixa de 200 metros das margens direita e esquerda, além de lagoa próxima à Colônia de Aleixo e primeira ilha fluvial da margem direita do Amazonas, considerando serem o conjunto de elementos da paisagem que compõem e conformam o Encontro das Águas de Manaus.
Com o tombamento, dentro dos limites do perímetro de tombamento não será permitida nenhuma nova construção e nem instalação que avance o leito aparente do rio. Para preservar a paisagem, o Depam sugere como área de entorno uma faixa de mil metros a partir do perímetro de tombamento. Nesta faixa, toda nova intervenção terá der ser previamente avaliada pelo Iphan.
Segundo informações do Iphan, o Amazonas é o maior rio do mundo, em volume de água quanto em comprimento. Desde sua nascente, no Peru, até a foz, que no Oceano Atlântico, são percorre 6,9 quilômetros. Sua bacia hidrográfica também é a maior do mundo e o sua vazão representa um quinto de toda a água fluvial da Terra.
Até os estudos realizados em 2007, afirmava-se que as nascentes do Rio Amazonas estava na cabeceira do Rio Marañon. Entretanto, a pesquisa revelou que na verdade o rio nasce a partir da laguna McIntyre, ao sul do Peru, e recebe diversos nomes ao longo do percurso. Entra no Brasil com o nome de Solimões e, a partir do encontro com as negras e transparentes do Rio Negro, recebe o nome de Amazonas.
O Rio Negro é o maior afluente da margem esquerda do Amazonas e o segundo em volume de água. Nasce na bacia do Orinoco, na Colômbia, e percorre cerca de 1,7 mil quilômetros. No último fim de semana, ele registrou seu mais baixo nível dos últimos 108 anos, devido à estiagem que afeta a região.
Também serão avaliados no encontro no Rio de Janeiro o tombamento do Ritual dos sistemas agrícolas do Alto Rio Negro e do Ritual Yaokwa do Povo Indígena Enawene Nawe no Mato Grosso, como patrimônios culturais.
Fonte: O Globo
28 de outubro de 2010
quinta-feira, outubro 28, 2010