A deputada Rebecca Garcia foi destaque no Jornal ACrítica, desta terça-feira (28.06). Em uma entrevista especial a parlamentar fala sobre a participação feminina na política e sobre a Prefeitura de Manaus.
Confira a reportagem na íntegra:
Entrevista - Rebecca Garcia - Deputada Federal (PP/AM)
Vice-líder do Governo da presidente Dilma na Câmara, a deputada federal Rebecca Garcia fala sobre seu momento na política, de Manaus e do prefeito Amazonino Mendes e até da “República da Saia Justa”
Brasília, 28 de Junho de 2011
ANTONIO PAULO
No segundo mandato de deputada federal pelo Estado do Amazonas, a ex-empresária de comunicação, Rebecca Garcia, 38 anos, poder-se-ia dizer que está “na crista da onda” no cenário político nacional e local.
Nomeada, recentemente pela presidente Dilma Rousseff como vice-líder do Governo na Câmara dos Deputados, a jovem parlamentar agora faz parte do seleto grupo de políticos que decide a pauta das demandas nacionais e do que vai ou não ser votado no plenário da Casa.
Também é subcoordenadora da bancada parlamentar do Estado, no Congresso. Assumiu importantes comissões e indicada para representar o Parlamento em agendas internacionais sobre o meio ambiente.
Não fosse pouco, Rebecca Garcia, agora, vem sendo sondada, citada e comentada nas rodas políticas do Amazonas como um dos nomes para disputar a Prefeitura de Manaus em 2012.
Começando a aprender os traquejos políticos, ela não afirma tampouco nega as sondagens e indicativos. Nessa entrevista, a deputada fala do futuro político dela, das presentes ações parlamentares e da fé na “República da Saia Justa” que tem a presidente Dilma Rousseff no comando.
O seu nome vem sendo citado, comentado na imprensa e nos bastidores rodas político para disputar a Prefeitura de Manaus no ano que vem. Como a senhora recebe essas indicações e como está se preparando para essa batalha?
Em primeiro lugar, é um orgulho ser citada e considero um reconhecimento de um trabalho. Em segundo, pelo próprio processo político por que passa o País e o mundo, com inserção muito forte da mulher ocupando os espaços de poder, esta aí a recente eleição da presidenta Dilma Rousseff.
Tudo isso cria um cenário propício para essa indicação e o nome está sendo comentado. No entanto, acabei de ser nomeada pela presidenta para compor a vice-liderança do Governo na Câmara dos Deputados, uma grande conquista para o nosso Estado e uma conquista política pessoal.
Quero me dedicar a essa função e demonstrar que não estou na liderança por estar: fui escolhida por conta do resultado de um trabalho, percebido tanto pela liderança do Governo, na Câmara, como pela própria presidenta Dilma que me nomeou. Se, no futuro, o grupo político do qual faço parte me indicar; se esse grupo achar que eu posso ser a melhor opção para disputar a Prefeitura de Manaus aí é uma outra etapa do trabalho.
Nesse pré-cenário eleitoral, há pelo menos três grupos se movimentando, sendo formados: o do prefeito Amazonino Mendes, que estaria flertando um apoio do governador Omar Aziz; o grupo do senador Braga, que é a pessoa que estaria lhe incentivando, colocado muita fé no seu nome; e o grupo da oposição que tem o PT e o ministro Alfredo Nascimento (PR). De qual grupo a senhora faz parte?
Faço parte daquele grupo que eu apoiei nas eleições de 2010, que é o grupo do governador Omar Aziz e do senador Eduardo Braga. Para mim, não há distinção de grupos. Eu só enxergo um grupo nos dois.
Mesmo dizendo que está focada no trabalho da Câmara e no papel da vice-liderança, a senhora negaria a possibilidade de ser candidata a prefeita de Manaus?
Até a decisão, haverá um amadurecimento das conversas, articulações e posições tanto pessoal quanto do próprio grupo político que vai avaliar se é o melhor nome. Em qualquer situação, vou apoiar o nome do candidato que será apontado pelo grupo político que vai garantir esse projeto de governo que queremos. Ninguém quer chegar à prefeitura simplesmente por chegar, mas porque acreditamos em um projeto para Manaus que pode e deve ser diferente.
Aos 38 anos, a senhora está preparada para ser prefeita?
Quem nunca assumiu um cargo, especialmente no Executivo, não pode dizer que está 100% preparado. A presidenta Dilma estava preparada para governar o Brasil? Não sei se estava, mas você só reconhece a demanda e sente a responsabilidade depois que senta na cadeira porque há situações que chegam e não se estava esperando. Para isso, existe o processo de transição e as indicações que você vai fazer. O prefeito, governador e presidente da República devem ser um pouco técnicos e com uma função eminentemente política. No entanto, precisam ter uma boa equipe de assessores que conhecem os problemas.
Qual a sua avaliação da atual administração do Município de Manaus comandada pelo prefeito Amazonino Mendes?
Os problemas de Manaus são históricos. Eu não acharia um único culpado até pelo crescimento da cidade de maneira não-projetada, sem um projeto urbanístico, sem garantias de bairros sustentáveis, com pouca qualidade de vida; sem boas escolas, delegacia de polícia, unidades de saúde que possibilitem a população a não sair dos seus bairros para outros pontos da cidade e resolver seus problemas.
Tudo isso faz parte de um projeto que Manaus não teve a oportunidade de experimentar em função do crescimento desordenado. Hoje, a cidade tem muitos problemas, mas eu não diria que a culpa é desse ou daquele prefeito, mas é culpa de todo um processo histórico. Eu não estou satisfeita de como está Manaus.
Dentro do possível, eu não sei se o prefeito poderia ter realizado um pouco mais ou se o que ele fez está tendo um resultado satisfatório em função de todos esses problemas, dessa humanização deficiente nos últimos 50 anos. Como está hoje, acredito que ninguém está satisfeito.
O que o Amazonas pode esperar da Rebecca vice-líder do Governo Dilma na Câmara dos Deputados?
Não é segredo para ninguém que a Câmara é uma Casa de líderes. As decisões são pautadas dentro do colegiado e você participar dessas reuniões é uma oportunidade, primeiramente, de se antecipar aos problemas o que facilita uma articulação maior e melhor, com apresentação de emendas às medidas provisórias, projetos de lei; acionar imediatamente a nossa bancada, avisando e repassando aos colegas o que poder ser feito, onde pode ser inserida uma questão, fazer uma defesa dessa ou daquela proposta. Essa antecipação é uma vantagem essencial.
Depois, tenho a oportunidade de sugerir, propor ações diretamente aos líderes, contato mais facilitado e rápido com os ministros do Governo. Isso a gente pode e vai fazer em nome do Amazonas.
A senhora também é subcoordenadora da bancada do Amazonas no Congresso Nacional. Quais as bandeiras e prioridades dos parlamentares amazonenses?
A chegada da MP 534 (dos tablets) demonstrou que a grande bandeira que une a bancada é o Polo Industrial de Manaus. Tem ainda a luta pelo descontingenciamento dos recursos da Suframa; a preocupação com os investimentos em pesquisa e tecnologia, manifestada pelo próprio coordenador da bancada, senador Eduardo Braga. Precisamos garantir, junto ao Governo Federal, que o nosso Estado tenha recursos e infraestrutura nessas áreas.
Há ainda um tema temporário, que é a Copa do Mundo de 2014, mas que vai deixar um grande legado para o nosso Estado se for bem conduzido. O aeroporto de Manaus e a Infraero têm sido uma pauta recorrente em nossas reuniões, onde entram também os aeródromos do interior e a precária situação em que eles se encontram.
Sendo vice-líder do Governo, a senhora faz parte da República da Saia Justa (ou do Salto Alto), no qual tem nas mulheres a presidente e as principais ministras do núcleo duro de poder. Parte da imprensa e de políticos (homens) não põe fé nas poderosas saias do Brasil. A senhora acredita nesse Governo de mulheres?
Começo a discordar logo dos termos usados até porque os homens ainda continuam sendo a grande maioria dentro do Governo. É de extrema ousadia a presidenta nomear as mulheres para as principais funções no Governo (Planejamento, Casa Civil e Relações Institucionais); mostra independência e as nomeações foram não somente porque são mulheres, mas têm o perfil que ela quer para ajudá-la, contribuir na administração e governabilidade do País.
No fundo, é uma conquista das mulheres brasileiras e fica demonstrado que elas podem ocupar qualquer espaço de poder, basta ter ousadia, determinação, trabalho, empenho.
Significa que Manaus pode, sim, ter uma mulher no comando em 2012?
O nosso Estado está preparado para isso; ter mulheres governando e o resultado da presidenta Dilma já traduz essa possibilidade. Nós vencemos essa barreira cultural...
Mas, essa possibilidade só ocorrerá se o Governo Dilma disser a que veio; se a gestão dela estiver “bombando” no período eleitoral...
Eu acredito nesse Governo e na presidenta Dilma. Partindo dessa sua analise, eu diria que em 2012 e 2014, nós mulheres chegaremos “bombando” (risos).
Fonte: Jornal ACrítica
Foto: Arthur Castro