8 de dezembro de 2007

MEIO AMBIENTE - Em Bali, Amorim volta a criticar lista 'que exclui etanol'

Da BBC Brasil :

Na abertura de um encontro informal entre ministros de Comércio sobre mudança climática, em Bali, na Indonésia, neste sábado, o chanceler Celso Amorim voltou a criticar a exclusão do etanol brasileiro de uma lista de redução tarifária apresentada no início da semana por Estados Unidos e União Européia (UE), com 43 produtos "ambientalmente corretos".

"É uma aberração que numa negociação ambiental não se coloque justamente aquele bem que hoje é reconhecido como o mais eficiente entre os biocombustíveis", disse o ministro.

"Se há uma coisa que é praticamente um consenso é que o etanol e os biocombustíveis em geral melhoram muito a situação em relação à emissão de CO2, sobretudo no caso do etanol brasileiro, em que a relação entre o que ele consome de energia e o que ele produz é de oito para um, enquanto o etanol do milho norte-americano é de 1,5 para um."

Ainda neste sábado, em reunião com o presidente da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, o chanceler brasileiro voltou a tocar no assunto e, segundo Amorim, ele "compreendeu a dificuldade (do Brasil)".




Manifestantes jogam capoeira em protesto Foto/AP


Veto
Sobre a possibilidade de o Brasil usar o seu poder de veto para impedir a aprovação da lista pela OMC - já que na avaliação do governo brasileiro a lista contém produtos "que obviamente são do interesse dos países desenvolvidos" -, Amorim mostrou bom humor.

"Essas coisas, eu prefiro agir do que falar. Conhece aquele ditado: 'cão que ladra não morde'? Deixa eu morder na hora certa, se tiver que morder." O argumento do ministro brasileiro sobre etanol teria provocado "algumas reações muito positivas entre funcionários internacionais".

Amorim também defendeu na reunião uma transferência de tecnologias para países em desenvolvimento mais "significativa". Para ele, é preciso buscar outras formas de viabilizar isso de outras formas. O ministro do Exterior brasileiro sugeriu que isso fosse feito de forma semelhante ao que foi acertado internacionalmente pelo acordo TRIPS, que flexibilizou a questão da propriedade intelectual relativa a medicamentos, barateando o custo de fabricação de remédios em países em desenvolvimento.

"Acho possível fazer uma analogia entre o que foi feito no acordo para saúde e o meio ambiente. Me parece que esse é um caminho também que os países em desenvolvimento deveriam buscar em matéria de transferência de tecnologia."