Da Folha de S.Paulo
O dano ambiental que ações de países desenvolvidos causaram aos países em desenvolvimento é maior do que a dívida externa da ala pobre do mundo. A conclusão é de um estudo publicado hoje por um grupo de ecólogos e economistas dos Estados Unidos.
O consumo e a destruição de recursos da natureza por parte dos ricos entre as décadas de 1960 e 1990 deverá impor ao longo do século 21 uma perda de US$ 7,4 trilhões da economia de países de renda per capita baixa e média. A dívida externa dos países pobres na mesma época atingiu US$ 1,7 trilhão.
Os autores do estudo, liderados pelo economista Richard Norgaard, da Universidade da Califórnia em Berkeley, trazem também um novo número do prejuízo que o dano ambiental no período estudado causará à humanidade como um todo: US$ 47 trilhões.
Em estudo na revista "PNAS", os autores afirmam ter feito "estimativas conservadoras" para os custos ambientais de atividades humanas ligadas a mudança climática, destruição da camada de ozônio, expansão da agricultura, desmatamento, pesca predatória e danos a mangues.
"Ajustando os valores dos impactos para os diferentes padrões de vida ao longo desses grupos [ricos e pobres], como é de costume, encontramos desequilíbrios notáveis", escrevem Norgaard e colegas. "Apenas por meio da emissão proporcional de gases de efeito estufa, o grupo rico pode ter imposto danos climáticos aos pobres maiores do que a dívida externa destes."
Apesar de o estudo ter lidado com diversos tipos de dano ambiental, o aquecimento global e o problema com o ozônio são de longe os fenômenos mais impactantes, representando mais de 97% das perdas.
Segundo o economista Peter May, da ONG Amigos da Terra, não é a primeira vez que se faz uma estimativa da chamada "pegada ecológica" global, mas Norgaard realizou um estudo "mais bem trabalhado e aprimorado". "Esse é o primeiro trabalho que faz isso mostrando em forma de matriz, revelando de onde vem o custo e para onde vai", afirmou May.
O economista afirma, porém, que quantificar os danos globais em termos de dólares ainda é uma ciência muito "inexata". Um problema com o que os economistas se deparam com freqüência nesse tipo de estudo, por exemplo, é o de tentar prever como a economia global vai se comportar no futuro.
Como é preciso escolher um pouco arbitrariamente, por exemplo, um valor para as taxas de juros futuras, o valor final acaba tendo uma grande margem de erro.
"No caso, eles usaram um valor baixo, que não se encontra muito na literatura [de economia]", diz May. Com um valor mais tradicional, argumenta o economista, a cifra final da "pegada ecológica" global estimada poderia ser menor. "O fator pode ser de mais de 50% de redução, por isso há tanta incerteza", diz.
O consumo e a destruição de recursos da natureza por parte dos ricos entre as décadas de 1960 e 1990 deverá impor ao longo do século 21 uma perda de US$ 7,4 trilhões da economia de países de renda per capita baixa e média. A dívida externa dos países pobres na mesma época atingiu US$ 1,7 trilhão.
Os autores do estudo, liderados pelo economista Richard Norgaard, da Universidade da Califórnia em Berkeley, trazem também um novo número do prejuízo que o dano ambiental no período estudado causará à humanidade como um todo: US$ 47 trilhões.
Em estudo na revista "PNAS", os autores afirmam ter feito "estimativas conservadoras" para os custos ambientais de atividades humanas ligadas a mudança climática, destruição da camada de ozônio, expansão da agricultura, desmatamento, pesca predatória e danos a mangues.
"Ajustando os valores dos impactos para os diferentes padrões de vida ao longo desses grupos [ricos e pobres], como é de costume, encontramos desequilíbrios notáveis", escrevem Norgaard e colegas. "Apenas por meio da emissão proporcional de gases de efeito estufa, o grupo rico pode ter imposto danos climáticos aos pobres maiores do que a dívida externa destes."
Apesar de o estudo ter lidado com diversos tipos de dano ambiental, o aquecimento global e o problema com o ozônio são de longe os fenômenos mais impactantes, representando mais de 97% das perdas.
Segundo o economista Peter May, da ONG Amigos da Terra, não é a primeira vez que se faz uma estimativa da chamada "pegada ecológica" global, mas Norgaard realizou um estudo "mais bem trabalhado e aprimorado". "Esse é o primeiro trabalho que faz isso mostrando em forma de matriz, revelando de onde vem o custo e para onde vai", afirmou May.
O economista afirma, porém, que quantificar os danos globais em termos de dólares ainda é uma ciência muito "inexata". Um problema com o que os economistas se deparam com freqüência nesse tipo de estudo, por exemplo, é o de tentar prever como a economia global vai se comportar no futuro.
Como é preciso escolher um pouco arbitrariamente, por exemplo, um valor para as taxas de juros futuras, o valor final acaba tendo uma grande margem de erro.
"No caso, eles usaram um valor baixo, que não se encontra muito na literatura [de economia]", diz May. Com um valor mais tradicional, argumenta o economista, a cifra final da "pegada ecológica" global estimada poderia ser menor. "O fator pode ser de mais de 50% de redução, por isso há tanta incerteza", diz.