17 de junho de 2008

Empresas de capital, mas de capital humano

Comparado a outras nações, o Brasil ainda está engatinhando quando falamos de cooperativismo. As cooperativas mais antigas no País têm cerca de 100 anos. Mesmo jovem, nas últimas décadas, o cooperativismo vem ganhando cada vez mais força na sociedade brasileira, desenvolvendo-se a partir do meio rural e ampliando sua abrangência nas áreas urbanas.

Aconteceu nesta terça-feira (17), no Congresso Nacional, o I Seminário da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop) - Cooperativismo: avanços e desafios. O objetivo do evento é difundir o cooperativismo com foco no Ramo Crédito. A Deputada Rebecca Garcia, que é membro titular da Frencoop, prestigiou o evento.

Participaram da abertura do evento os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Arlindo Chinaglia e Garibaldi Alves Filho, respectivamente, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) Márcio Lopes de Freitas, o ex-ministro da Agricultura e cooperativista Roberto Rodrigues, representantes da Confederação Alemã de Cooperativas (DGRV), do Banco Central, do Conselho Especializado de Crédito da OCB, entre outros técnicos e especialistas em cooperativismo.

Cooperativismo – Em uma cooperativa todos os sócios são donos do negócio e participam das decisões. O foco é nas pessoas, no desenvolvimento humano. Nesse aspecto, a cooperativa possibilita um processo que parte do trabalho baseado na profissionalização da gestão, atenção no negócio e planejamento estratégico. Por isso, as cooperativas têm conseguido enfrentar e superar as diversas crises da economia brasileira.

Para a Deputada, é importante ressaltar a representatividade da OCB, órgão de registro e defesa do cooperativismo no Brasil, que tem como grande líder o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues. Ele foi o primeiro não-europeu a conquistar a presidência da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), cargo máximo da representação das cooperativas em todo o mundo.

“O principal objetivo do cooperativismo é desenvolver os aspectos sócio-econômicos de uma sociedade. Porém ele precisa estar aliado a uma questão chamada educação. As pessoas só conseguem se organizar de maneira unida, produtiva e democrática se por trás disto tiver um processo educacional, uma cultura prévia”, comenta a Deputada.

De acordo com o presidente da OCB do Amazonas, José Merched Chaar, a regulamentação do ato cooperativo é muito importante para o desenvolvimento da prática. “Precisamos normatizar a situação, ter um marco legal que nos dê tratamento igualitário com as empresas para termos condição de concorrência.”

Números - Hoje, a OCB reúne 7.672 cooperativas em 13 ramos de atividade econômica. São mais de 7,6 milhões de brasileiros envolvidos em cooperativas de trabalho, de crédito, de consumo, de produção, educacional, habitacional, agropecuária, mineral, especial, de turismo e lazer, infra-estrutura, saúde e transporte.

As cooperativas respondem por 6% do Produto Interno Bruto Brasileiro. Geram mais de 220 mil empregos e participam com 3,3 bilhões de dólares em divisas com exportações. Segundo pesquisas oficiais, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é maior nos municípios onde há cooperativas.

No Estado do Amazonas as cooperativas vêm crescendo rapidamente, principalmente nos últimos oito anos. Destacam-se como um dos modelos de empreendimento mais promissores para a região. São 103 cooperativas e mais de 17.000 cooperativistas. São pessoas que oferecem à população saúde, alimentos mais baratos e de boa qualidade, móveis escolares, bens de consumo, transporte público, crédito, fibras naturais como malva e juta, e educação.