10 de junho de 2008

Quanto mais rápido, melhor


O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, já tem em mãos os últimos números sobre o desmatamento na Amazônia, que não são nada agradáveis. O levantamento foi feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por meio da Operação Arco de Fogo, que foi deflagrada em março deste ano.

Em apenas três meses da Operação, os números já chamam a atenção pela matemática expressão do desrespeito com que continuamos a tratar a Amazônia. Foram embargadas 359 propriedades, que somam, juntas, 63 mil hectares. Os números do desmatamento também impressionam. Foram 106 mil m³ de madeira apreendida, sendo que 26,7 mil m³ já estavam sendo processadas ilegalmente em serrarias.

Nem mesmo a arrecadação de R$ 361 milhões em multa é motivo para comemoração, já que se trata de recursos provenientes de uma irreparável e irrecuperável devastação da floresta.

São apenas números iniciais, que tendem a crescer com o desenvolvimento natural da Operação, com perspectivas, inclusive, de superarem em muito o total da devastação de 2007. Com o lote de dados relativos a maio, junho e julho, quando a Amazônia fica seca, o desmate aumenta consideravelmente, o que deve elevar os números da devastação, com tendência clara a superar os já horríveis números apresentados em 2007.

A Operação Arco de Fogo entrará em sua terceira fase, quando policiais rodoviários irão se integrar à ação de combate ao desmatamento, somando forças com agentes da Polícia Federal e fiscais do Ibama, além do Exército, que prestará apoio logístico.

Enquanto a Amazônia convive com operações como a Arco de Fogo, o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) continua sua interminável discussão. Uma demora injustificável, pois se trata de uma regulamentação que deveria preceder as ações de controle e fiscalização. Principalmente se levarmos em conta que o ZEE terá critérios mais rigorosos e um plano definido de manejo florestal sustentável.

Insisto em dizer que a questão da Amazônia precisa ser definida claramente por uma legislação, que nunca irá atender plenamente todos os segmentos envolvidos e interessados na exploração da floresta. Sem uma definição clara do que queremos para a Amazônia, incorporando e definindo com total clareza as áreas para preservação e para atividade econômica, estaremos sempre com o carro na frente dos bois e vamos continuar sendo atropelados pela nossa própria ação.

A floresta precisa ser preservada e muito bem preservada. A população precisa ter condições para desenvolver suas atividades econômicas, como princípio básico de cidadania. Cabe aos agentes políticos encontrarem mecanismos que conciliem as atividades e os grandes interesses que envolvem a Amazônia. Quanto mais rápido, melhor.