Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo, Iranduba, Manacapuru e Novo Airão, os Municípios mais próximos a Manaus, deveriam estar preparados para receber a enorme demanda de lazer da capital. Não estão.
Os mais conhecidos centros turísticos do Brasil, Campos do Jordão (SP) e Gramado (RS), ganharam esse status a partir da atração às capitais de seus respectivos Estados. Ambas, hoje, beneficiam as demais cidades ao seu redor, como é o caso de Canela e Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha.
As cidades que citei têm o frio como grande atração. Por que não fazer do calor, com tudo o que representa de oportunidades turísticas, uma atração dessas pequenas cidades nos arredores de Manaus? Europeus, canadenses e a maior parte dos norte-americanos sofrem muito nas temporadas de inverno. Até a Espanha, país que conta com a famosa Costa do Sol, abrigo europeu de inverno, está sendo assolada por impiedosas nevascas este ano.
O que atrai turistas são bons – e diferenciados – restaurantes, hotéis de charme (só há um, em toda região, que é o Anavilhanas Jungle Lodge, em Novo Airão) e balneários, que, no frigir dos ovos, são quase nada se desacompanhados dos ingredientes anteriores.
Na prática, o manauara adoraria deixar a cidade, na sexta-feira, e pagar uma diária de hotel ou mais que lhe garantisse o necessário relax.
Figueiredo e Rio Preto recebem dezenas de ônibus, todo fim de semana. Infelizmente, esse tipo de turismo deixa muito pouco na cidade. A maioria leva caixas de isopor carregadas de cerveja e até de comida. Isso acontece, primeiro, porque ninguém confia na infra-estrutura local, na regularidade e honestidade dos preços e, também, pela falta de prática turística.
É bem mais fácil sair de casa levando apenas o essencial, sem se preocupar em carregar caixas e mais caixas com produtos de consumo. O chamado “farofeiro”, porém, deixará de sê-lo quando perceber que esse tipo de comportamento não cabe. E os pontos turísticos ganham muito mais, tanto em limpeza quanto em circulação de recursos, se eles passarem a consumir no local.
A Região Metropolitana de Manaus proporciona a chance de estruturar essas cidades próximas. É possível, como elas ainda são pequenas, evitar aquele emaranhado de ruas que as caracterizam. Custa pouco retirar algumas casas e criar ruas espaçosas, com meio-fio e calçada, no lugar das vielas atuais. Cachoeiras e igarapés terão que ser impecavelmente preservados.
Iranduba e Novo Airão caracterizam-se pelas praias.
A rede hoteleira, bem ou mal, está se instalando em Novo Airão. O Mercure, em vias de inauguração, associado à ponte sobre o rio Negro, trará um novo patamar turístico para o Município. Será uma opção muito boa para quem quiser um pouco mais de privacidade, indo mais longe (cerca de 180 quilômetros, via rodoviária) para isso.
Iranduba, cuja sede municipal está localizada no rio Solimões, precisará estruturar a orla fluvial do rio Negro, ainda pouco habitada e dominada por latifundiários. Será a opção de massa para Manaus e precisará de muito trabalho para não permitir a baixa qualidade dos serviços e o risco de violência.
A Região Metropolitana de Manaus é uma esperança. Tomara que os governantes não cometam, na urbanização, os erros que cometeram ao longo da construção da nossa querida capital.
Artigo publicado no jornal Diário do Amazonas