15 de junho de 2009

Copa, Manaus e o interior

A Zona Franca foi um salto para o Amazonas. Do escambo, a pré-história do capitalismo, passamos direto para a alta tecnologia do Pólo Industrial de Manaus (PIM), da TV colorida e tantos outros produtos de ponta. Agora, nos próximos cinco anos e meio, o Estado viverá outra grande revolução, com os preparativos para a Copa de 2014, com obras aceleradas para brigar pela Copa das Confederações, em 2013.

Copa do Mundo e Zona Franca têm Manaus como centro. O amazonense precisa se mobilizar, ao lado do governador Eduardo Braga, para evitar que se repita o pós-1968 – à capital tudo, ao interior as migalhas.

É natural que a Copa seja em Manaus, como também que as indústrias aqui se estabeleçam. Nenhuma cidade do interior amazonense resistiria à pesada concorrência que a capital venceu. O que não podemos é perder de vista a perspectiva do Amazonas como um todo.

Manaus é a cabeça que padece com a falta de alternativa no interior, o corpo. É nefasto que o interiorano cresça sob o ideal de se mudar para cá. Isso virou um objetivo de progresso, uma idéia reproduzida pelos pais. O filho "subiu na vida", se mora na capital.

Nos Emirados Árabes Unidos, Dubai investe na construção de ilhas no meio do oceano e se transforma numa Meca do turismo internacional. Por que? Porque não tem terra. Essa é a maior fartura do Amazonas e os investidores atraídos pela Copa precisam saber disso.

A Copa do Mundo deve oferecer em torno de 300 mil empregos. Ótimo. São três vezes o que a Zona Franca oferece. Só que trata-se de vagas sazonais, destinadas a durar até a complementação das obras, com o grave risco de atrair migrantes de Estados próximos e principalmente do interior, inchando ainda mais a cidade.

Está na hora de acabarmos com a idéia de que o interior amazonense é um problema. Insisto em que é solução. O que precisamos é de jogo de cintura para driblar as armadilhas preservacionistas, cuja militância insiste em caminhar na direção do "tudo é intocável" quando se trata de cidades localizadas na Floresta Amazônica.

A Copa será melhor, para todos nós, se beneficiar o interior.

Rebecca Garcia
Artigo publicado no jornal Diário do Amazonas