23 de setembro de 2009

REDD: uma oportunidade para o desenvolvimento

Na lista dos países que mais emitem gases do efeito estufa na atmosfera, o Brasil encontra-se entre as primeiras posições. Mais de 70% das emissões brasileiras vem do desmatamento e de queimadas. Apesar de não parecer, esta pode ser interpretada como uma boa notícia, porque reduzindo o desmatamento, o país diminui muito as emissões a um custo muito baixo.

O grande problema é: como evitar o desmatamento, manter o crescimento econômico do país e dar qualidade de vida para o povo que vive e depende da floresta? Esse foi o principal tema da audiência pública ocorrida na Comissão Mista Permanente de Mudanças Climáticas, na terça-feira (22), sugerida pela deputada federal Rebecca Garcia (PP-AM) e pela senadora Marina Silva (PV-AC).

Uma das respostas é a utilização de mecanismos para redução de emissões por desmatamento e degradação (REDD). Os mecanismos de REDD são um dos principais assuntos da pauta da Conferência das Partes (COP 15), que acontecerá em dezembro, em Copenhaguen, na Dinamarca. A idéia é que os países que possuem florestas e estão dispostos a reduzir as emissões provenientes do desmatamento possam ser recompensados financeiramente por isto pelos países desenvolvidos.


Prof. Virgílio Viana, Fundação Amazonas Sustentável

Segundo o diretor-executivo da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Virgílio Viana, historicamente sempre se deu crédito para quem desmatava a floresta. “Temos que abandonar a idéia antiga e equivocada de que o desenvolvimento só vem com o desmatamento, seguindo o exemplo dos países desenvolvidos e industrializados. É preciso criar um modelo econômico em que a floresta em pé valha mais do que ela derrubada e a compensação do carbono florestal é um caminho.”



Tasso Azevedo, consultor especial do MMA

O consultor do Ministério do Meio Ambiente Tasso Azevedo fez uma análise sobre os possíveis cenários que ajudarão a definir a posição brasileira em Copenhaguen. Azevedo deixou claro que o Brasil precisa ter uma posição firme, principalmente, no que se refere a adoção de metas de redução e no compromisso de frear a atual tendência de crescimento da participação das energias não renováveis na matriz energética brasileira.


Embaixador Sérgio Serra, representando o MRE


O representante do Ministério das Relações Exteriores, Embaixador Sérgio Serra, afirmou que o Brasil está estudando que proposta levará para a COP-15 e que até meados de outubro o Itamaraty terá uma decisão definitiva, mas uma das vertentes da posição são os mecanismos de REDD.

Deputada Rebecca Garcia, autora do requerimento


A deputada Rebecca Garcia elogiou muito o debate e defende que é necessário que o Brasil brigue em Copenhaguen pela manutenção da floresta em pé como compensação das emissões de carbono, sem que os países desenvolvidos usem isso como desculpa para não reduzirem suas próprias emissões. “Eles emitiram para se desenvolver enquanto nós mantivemos nossas florestas em pé. Agora chegou a hora deles darem a sua contribuição para a melhoria da qualidade de vida das populações ribeirinhas e caboclas da floresta amazônica”, afirma a parlamentar.